A novela em torno da divulgação tardia pelo governo Bolsonaro dos dados do sistema PRODES/INPE sobre o desmatamento na Amazônia segue rendendo. Ontem, repercutimos uma reportagem da Folha que mostrava que o governo trabalhava com um dado equivocado sobre o ritmo de desmate no período entre agosto de 2020 e julho de 2021. Também na Folha, Vinicius Sassine informou que o governo chegou a formalizar esse dado equivocado em um documento oficial apresentado pelo ministério do meio ambiente durante a Conferência do Clima de Glasgow (COP26), realizada no começo do mês. De acordo com a reportagem, o plano antidesmate divulgado pelo ministro Joaquim Pereira Leite no 1º dia da COP projetava um desmatamento de 10.308 km2 de floresta no último período anual do PRODES, o que representaria uma queda de 5% na comparação com os 10.851 km2 desmatados no período anterior. Enquanto o governo Bolsonaro trabalhava com uma queda de 5% nessa taxa, o INPE confirmou que o desmatamento cresceu 22% nesse ínterim. O total de área desmatada no último ano foi de 13.235 km2, três mil km2 acima do projetado pelo governo no documento apresentado na COP.
A despeito de os dados corretos do INPE estarem à disposição do governo federal desde o final de outubro, essas informações só foram divulgadas ao público no último dia 18, uma semana após o encerramento da COP. Representantes do governo negam que tenham adiado a divulgação desses dados para não prejudicar a estratégia publicitária do Brasil na Conferência de Glasgow, mas não conseguem justificar claramente o motivo desse atraso.
Em tempo: A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) denunciou uma escalada nos ataques físicos e onlines a lideranças indígenas que participaram da COP26. De acordo com a entidade, os ataques estão sendo orquestrados “com incentivo de Jair Bolsonaro, presidente que insiste em mentir e atacar os Povos Indígenas quase diariamente”. O site Regra dos Terços elencou algumas dessas agressões e a reação de entidades indígenas.
Fonte: ClimaInfo
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