Especialistas afirmam que delegação brasileira deve ser recebida com descrédito, mas que mudanças de ministros chave pode ser fator de virada
Depois de quase três anos de governo da presidência de Jair Bolsonaro (sem partido), não raro as questões ambientais estiveram no centro do debate sobre decisões políticas do país. Segundo especialistas, infelizmente, na maioria das vezes, as falas e ações do governo foram negativas. Neste contexto, a presença do governo brasileiro na COP26, delegação que representará o país mais biodiverso do planeta e que abriga a maior porção da Floresta Amazônia, deve ser recebida com descrédito.
É o que defendem especialistas que acompanham as negociações climáticas. De acordo com o professor do curso de Comércio Exterior do Centro Universitário FIEO (Unifieo) e pesquisador do Instituto ClimaInfo, Bruno Toledo, que também é doutorando em Relações Internacionais, o Brasil foi importante na agenda de negociação no passado, mas chegará a Glasgow, na Escócia, desmoralizado pelo aumento acentuado do desmatamento e das queimadas no Brasil, além da leniência do governo Bolsonaro com o desrespeito às leis ambientais. “Nos últimos meses, a pressão internacional sobre o país aumentou consideravelmente, e a delegação brasileira na COP26 certamente será cobrada por outros governos e investidores sobre respostas para reverter o cenário de devastação ambiental”, disse Toledo.
Para a gerente de projetos do Instituto Escolhas, Jaqueline Ferreira, não há como esperar muito do Brasil nas negociações da COP26. “O país é visto com desconfiança e preocupação diante da escalada do desmatamento e ameaça a povos indígenas nos últimos dois anos”, disse. Além das questões sobre a falta de proteção à floresta e aos povos tradicionais, o Brasil também foi criticado pela revisão da sua contribuição nacionalmente determinada, a NDC, que resume as metas de cada nação para atingir os objetivos do Acordo de Paris, assinado em 2015 durante a COP21. “Se não bastasse este grande retrocesso ambiental, o governo divulgou uma atualização das suas metas que alterou a linha de base do cálculo das emissões e permitiu que o país emita mais gases de efeito estufa. Enquanto isso, as principais economias do mundo aumentam suas metas”, afirmou Ferreira.
Fonte: Um só Planeta
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