As promessas feitas por EUA e China na Assembleia Geral da ONU, na semana passada, injetaram ânimo entre observadores e analistas para a COP26. Enquanto Joe Biden anunciou que o financiamento climático norte-americano para países pobres dobrará até 2024, Xi Jinping confirmou que o governo chinês pretende interromper o apoio a projetos de carvão fora do país.
BBC, Bloomberg e Financial Times fizeram um balanço similar: a despeito da falta de detalhes sobre essas promessas e dos obstáculos que persistem na relação EUA-China, os dois anúncios sinalizaram uma disposição por parte dos dois maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo em buscar um entendimento antes da Conferência de Glasgow. O acordo entre EUA e União Europeia para cortar as emissões de metano em 30% até 2030 também foi celebrado como um bom prenúncio da diplomacia climática antes da COP.
Ao Guardian, o economista Nicholas Stern também demonstrou confiança na possibilidade de os fluxos de financiamento climático internacional para os países pobres atinjam o patamar de US$ 100 bilhões anuais a partir de 2022. Isso é tido pelas nações em desenvolvimento como crucial para cumprirem seus compromissos de mitigação sob o Acordo de Paris, bem como para a adaptação aos efeitos da mudança do clima.
Mas o prognóstico geral ainda é de uma Conferência bastante desafiadora em Glasgow. “Ainda vivemos a diplomacia de 200 ou 300 anos atrás. Todos ainda parecem estar limitados por seus interesses nacionais nessas negociações”, escreveu um negociador anônimo para o Guardian. “Mas não é mais assim. Com a mudança climática, todos perdemos. Não podemos olhar para o clima por meio desse foco estreito no interesse nacional, pois isso nos levará ao desastre”.
Em tempo: Outro obstáculo para a COP26 continua sendo a logística sanitária em torno do encontro em Glasgow. À Sky News, o diplomata sul-africano Clayson Monyela afirmou que seu governo ainda está avaliando se vai enviar negociadores para a Escócia por causa das exigências de quarentena para viajantes de países da “lista vermelha” do Reino Unido, mesmo aqueles vacinados contra COVID-19. Ele ressaltou que outros países também estão fazendo essa análise, sem citar nomes. “Do jeito que as coisas estão indo, temos o risco de ter uma COP europeia, com exclusão da África e da América do Sul”.
Fonte: ClimaInfo
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