Para o enfrentamento dos efeitos da crise hídrica sobre o setor elétrico, o governo tem priorizado aumentar a oferta de eletricidade por meio da antecipação da entrada de térmicas e do acionamento de novas linhas de transmissão para trazer eletricidade do Nordeste e do Norte para o Sudeste. Por exemplo, nunca as térmicas em operação geraram tanto, com recordes em julho e, de novo, em agosto. Vale ver as matérias da CNN, UOL, Estadão.
Do lado da demanda, o governo recém lançou programas para redução voluntária de consumo, com resultados ainda desconhecidos.
Ontem, Miriam Leitão moderou uma live do Valor sobre a crise hídrica. Os dois representantes do governo – Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS, e Christiano Vieira, secretário do Ministério de Minas e Energia (MME), descartaram o racionamento e disseram que o governo está de parabéns pela qualidade da comunicação da crise. Além disso, os dois disseram que o governo vem tomando medidas desde o ano passado, sem especificá-las.
Mais uma vez o físico Paulo Artaxo lembrou dos avisos recorrentes dados a décadas pela ciência segundo os quais o clima ficaria cada vez mais seco exatamente onde estão os principais reservatórios. Falta, para Artaxo, uma governança energética de Estado, e não do governo de plantão. O caminho é aproveitar o imenso potencial eólico e solar para se depender menos das chuvas e, claro, dos fósseis. O Globo também disponibilizou um link para quem quiser ver a live.
Os professores José Goldemberg e Cristiane Cortez, na Folha, criticaram o governo por não ter poupado água nos reservatórios no último verão. Também criticaram a prioridade dada ao aumento da oferta e não ao controle da demanda, o que tem feito a conta de luz das famílias e do setor produtivo não parar de aumentar.
Em tempo 1: A chegada da primavera não representará um alívio para a maior crise hídrica em mais de nove décadas no Brasil. De acordo com INMET, a “estação das flores” será marcada por precipitações irregulares nas principais áreas de produção agropecuária do país, sendo que algumas delas podem registrar chuvas abaixo da média histórica. Por outro lado, os termômetros deverão começar a subir com força a partir de outubro, completando um cenário que pode intensificar as incertezas quanto à possibilidade de “apagão” por problemas na geração de energia elétrica. Agência Brasil, Exame, g1 e Valor destacaram essas informações.
Em tempo 2: O governo do Rio Grande do Norte assinou um protocolo com a Energy Vault para a construção de um sistema de estocagem de eletricidade. O sistema aproveitará os momentos em que as eólicas geram mais do que o país está consumindo para içar blocos de concreto em uma torre de 120 metros. Quando a demanda aumentar, basta baixar os blocos acionando os geradores. A notícia saiu n’O Globo. Há críticas sérias ao sistema, como a que saiu na holandesa WattisDuurzaam. Os números prometidos pela Energy Vault estariam em desacordo com a física básica. Uma única torre, como anunciada, deve ter uma capacidade de menos de 4 MW de potência e poucas dezenas de MWh. O anúncio fala em 400 MW sem explicar se serão 100 torres ou se alguém colocou alguns zeros a mais na conta.
Fonte: ClimaInfo
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