Entidade criada por alunos da USP em Ribeirão Preto busca inovar e empreender, estimulando aproximação das minorias a ambientes corporativos mais inclusivos
Para promover a inclusão e diversidade de diversos grupos sociais na universidade e no mercado de trabalho, um grupo de alunos da USP em Ribeirão Preto criou a Include, entidade que busca realizar ações que incluam empresas parceiras na criação e divulgação de oportunidades para pessoas socialmente marginalizadas. Outro foco é a aproximação da comunidade acadêmica com essa realidade.
A Include foi pensada primeiramente como um projeto de promoção de eventos com empresas para falar sobre diversidade e inclusão aos alunos do curso de Matemática Aplicada a Negócios (MAN), da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, e agora também produz conteúdo nas redes sociais, divulgando informações e oportunidades para pessoas que se encaixem em grupos minoritários e para aqueles que querem entender melhor o assunto.
À frente da nova entidade estudantil, a aluna Valéria Rodrigues de Souza ressalta que a Include trabalha propondo debates sobre pautas que interessam a variados grupos sociais e para conectar estudantes com empresas que investem em um ambiente corporativo mais inclusivo. “A gente não tem como falar, como mulher preta ou deficiente, dentro da Universidade, sobre as oportunidades que vai ter no mercado de trabalho”, afirma Valéria para embasar os empreendimentos que seu grupo iniciou após perceberem a realidade de exclusão que a sociedade ainda vive em pleno século 21.
O grupo pretende ainda envolver os universitários cada vez mais com projetos sociais. Eles já estão participando do Educação é para todos, uma parceria com a ONG Vitória Régia, de Ribeirão Preto, que atende mulheres cis e trans que são profissionais do sexo. O projeto busca oportunidades educacionais, cursos de capacitação profissional, empreendedorismo, educação financeira, para que as mulheres tenham alternativas de uma vida melhor. Elas podem ter oportunidade de concluir o ensino médio e, se quiserem ingressar em uma faculdade, contam com o apoio da entidade. “A gente realmente acredita que a educação pode mudar o mundo”, destaca Valéria, explicando a importância de construir uma universidade mais inclusiva para atender a todos. “Só assim a gente acredita que vai ter uma USP diversa”, diz.
A ideia de criar a entidade começou com a indignação que alguns estudantes sentiram ao presenciarem atitudes racistas entre torcidas de universitários em um jogo de recepção aos calouros no início de 2020. Por isso, o grupo criou um canal de denúncias dentro da Universidade para receber e encaminhar aos órgãos competentes relatos de casos de violência, assédio e intolerância. Este canal serve como uma ponte para que os alunos possam ser acolhidos e fazerem a denúncia de forma direta a um órgão responsável da instituição. Quem precisar fazer uma denúncia, pode entrar em contato com a entidade por aqui.
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A professora Michelle Pierri, coordenadora do Departamento de Computação e Matemática da FFCLRP, afirma que os alunos “perceberam as demandas em questão de inclusão e representatividade tanto no mercado de trabalho quanto nos espaços dentro da Universidade”. Destaca ainda que o alcance desse movimento deve ir além, pois vê que “o objetivo maior da Include é que a diversidade dentro da USP seja uma realidade”, mas que, “consequentemente, isso será levado para a sociedade, ou seja, além dos portões da USP”.
Segundo Valéria, a Include quer “servir de ponte para ligar pessoas de grupos marginalizados com a Universidade e o conhecimento”, para que se sintam incentivadas a ingressarem no ensino superior. “Essas pessoas precisam entender que a USP é para todos e, se é para todos, significa levar oportunidades para todos também”, enfatiza.
O mesmo ponto de vista é compartilhado pela professora Michelle, que acredita na importância de iniciativas que incentivam positivamente “alunos que pertencem a grupos marginalizados”. E não só os alunos da instituição sentem o impacto positivo dessas ações, adianta Michelle, afirmando que a Include também deve “atrair jovens para a Universidade, mostrando que ela é, sim, um lugar para todos”, sem discriminação e com consciência “de que somos diferentes e temos que respeitar e valorizar essas diferenças”, acrescenta.
Para saber mais sobre o projeto, siga a Include nas redes sociais, Instagram, LinkedIn e Facebook.
Fonte: Jornal da USP
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