“Diferentemente dos discursos lendários das amazonas gregas, as da Amazônia não eram primitivas, pois produziam alimentos, moravam em habitações bem construídas, possuíam organização social e acumulavam tesouros e poder. Poder este não apenas local, mas que se estendia por um amplo território que poderia ir dos Andes até os cursos inferiores do grande rio. E, nesse ponto, já se pode considerar outra mescla do que foi visto – a bravura e persistência das guerreiras que eram conhecidas pelos agrupamentos nativos encontrados ao longo da viagem – com o interesse do relator em impressionar os encomendantes ou destinatários do relato. Afinal, dominando-as seria possível controlar seus domínios e ter acesso às suas riquezas, um bom motivo para expedições futuras. As amazonas amazônidas simbolizavam, assim, “uma das tantas realidades fabulosas, espécie de paraísos terrenais, que os conquistadores ibéricos anelavam ganhar para si”.
Por José Alberto da Costa Machado [1]
[1] José Alberto da Costa Machado é Doutor e docente da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) com formação e experiência acadêmica em pesquisas, mas em temáticas não associadas à história em si. Sua motivação em relação ao trabalho decorre de interesse na formação econômica da Amazônia, tema sobre o qual tem lecionado e orientado trabalhos e, no qual, se imbricam a chegada dos portugueses na região e a interação deles com o ambiente e os povos nativos.
INTRODUÇÃO
Desde o famoso relatório de Frei Gaspar de Carvajal sobre a primeira viagem de navegantes europeus pelo rio Amazonas, no qual foram incluídas informações sobre as amazonas, índias guerreiras com características singulares, o tema tem sido recorrente na historiografia da Amazônia. Colocado na categoria de lenda, mito, fantasia ou exagero, houve um tempo em que ele foi o leitmotiv de novas expedições, em outro ficou recolhido à condição de puerilidade e, mais recentemente, tornou-se objeto de reexames na busca de associar-lhe percepções atualizadas pelos novos conhecimentos que têm sido aportados sobre as circunstâncias pretéritas da região.
Embora as controvérsias dos meios eruditos, no imaginário do povo amazônida as destemidas mulheres guerreiras persistem, às vezes como parte da história, outras como mera lenda e outras tantas como elemento de singularidade na identidade do povo, uma espécie de hífen entre os idos do pré-contato europeu e o arremedo de civilização ocidental que se instalou durante a colonização da região.
Este texto tem o propósito de analisar, sem pretensões de profundidade, fontes que tratam do assunto, considerando alguns avanços da literatura historiográfica, uma revisita ao texto original de Carvajal e, principalmente, inserindo um elemento novo em apoio à inteligibilidade do relato – a época das cheias da bacia amazônica na data do contato. Ao final, são sintetizados argumentos que apontam para a necessidade de atualização das percepções que associam ao tema essência apenas lendária ou mítica.
O relato de Carvajal e a Literatura sobre a colonização da Amazônia
Nos textos alusivos à conquista e colonização do continente americano há uma profusão de tipos discursivos, a saber: diários, cartas, informes, leis, crônicas, histórias e outros, cada um destes portando específica forma redacional, qualificação do autor, audiência, nível de credibilidade, tipo de conteúdo e outros atributos. Em relação à Amazônia, as famosas “relaciones” desempenharam grande poder configurador sobre as imagens que lhe foram atribuídas ao longo dos séculos XVI e XVII, por conquistadores, viajantes, pesquisadores, aventureiros, funcionários reais, missionários e que, de certa forma, permanecem ainda hoje. Entre as principais “relaciones” referente a Amazônia estão: a de Gaspar de Carvajal (CARVAJAL, 1542), relatando a expedição de Francisco de Orellana; aquelas que relatam a expedição de Pedro de Ursua e Lope de Aguirre concluída em 1561 e que, em razão de motins e assassinatos entre os líderes, não possui um relato oficial, mas cujas principais informações acabaram sendo reproduzidas em outras fontes (ALMESTO, 1559; UGARTE, 2003); a de Alonso de Rojas, que relata a viagem de Andrés de Toledo e Domingos de Brieva – leigos franciscanos sobreviventes de uma missão dirigida pelo Frei Laureano de La Cruz junto a índios encabelados do rio Napo – que chegaram a Vila Nossa Senhora de Belém, em 1637, acompanhados por apenas seis soldados (CARVAJAL, ALMESTO & ROJAS, 1986); e a de Christóbal de Acuña (ACUÑA, 1641) relatando a expedição de Pedro Teixeira, Belém-Quito-Belém, iniciada em 1637.
Após a produção desses textos, do final do século XVII em diante, começaram a surgir novas crônicas sobre a Amazônia, com destaque para as dos padres jesuítas Samuel Fritz (1691) e João Felipe Bettendorf (1698), mas já agora incorporando todo o imaginário discursivo sobre a região, seja para atualizá-lo, tomá-lo como referência ou mesmo para refutá-lo. Um consistente, atual e didático trabalho sobre essa construção cognitiva das representações acerca da Amazônia, tem por título “Descobrir e redescobrir o grande rio das Amazonas. As relaciones de Carvajal (1542) e Christóbal de Acuña SJ (1641)”, de Maria Cristina Bohn Martins. A autora se propõe “analisar como os imperativos de escolha de um dado tipo discursivo, as suas qualidades formais, bem como as condições políticas em que ele foi produzido, incidem sobre o que veio a ser narrado” (MARTINS, 2007).
Desse estudo, alguns aspectos são úteis para interpretar a questão das amazonas, como os que seguem:
– a medida que estudos arqueológicos revelam o passado da região, informações provenientes desses textos passam a oferecer percepções ressignificadas, especialmente em relação ao tamanho, diversidade e complexidade das aldeias que se espalhavam pelas margens do rio Amazonas;
– inobstante o largo tempo que passaram desconsideradas por abrigarem informações tidas como essencialmente fantasiosas, entre as quais as relativas às lendárias amazonas, a atualidade historiográfica trouxe à tona novos princípios de inteligibilidade e novos modelos de compreensão, permitindo reposicionamentos interpretativos em relação aos temas presentes no constructo das representações da Amazônia, oriundos dessas fontes;
– de maneira geral essas “relaciones”, no contexto dos discursos gerados no ambiente da conquista e colonização da América, consoante o sentido do vocábulo e ao uso que se fazia desse tipo de escrito, representavam o informe ou narração de algo que de fato ocorreu, não necessariamente fruto de uma observação livre de quem escreve, mas no intento de responder pedidos e interesses de encomendantes ou financiadores das viagens, que nesse tema era sobretudo a Coroa (MIGÑOLO, 1982);
– a “relacion” de Carvajal, onde aparecem as amazonas, mesmo aditando o propósito paralelo de isentar Orellana por não ter voltado para socorrer o restante da expedição original que ficara para trás, tem essa mesma tradição discursiva comprometida com o provimento de informações para o projeto da Conquista, com o fornecimento de marcos oficiais e documentais para estabelecer posses e domínios, com o recolhimento e ordenação de dados sobre as novas terras e seus habitantes, com a identificação de fontes de riquezas para os conquistadores. Tinha que ter, portanto, equivalência entre narração e verdade, entre o observado e o interesse do destinatário do texto, entre o universo visto e o que poderia fazer sentido para os leitores posteriores do documento.
Com essas percepções as “relaciones” deixam de ser um repositório de meras fantasias e recuperam alguma credibilidade naquilo que informam, ainda que sejam guardadas as devidas prudências dada a distância no tempo e a existência, à época, de um universo mental propício e povoado de narrativas quiméricas e místicas, oriundas do espírito medieval e da super-excitação da imaginação causada pelas terras do novo mundo, em particular a Amazônia, sua floresta, seus milhões de habitantes nativos, sua cultura singular e outros.
Dado essas circunstâncias como interpretar a detalhada narrativa de Carvajal sobre as amazonas?
As Amazonas de Frei Gaspar de Carvajal
Há, sem dúvida, miríades de fontes que tratam das amazonas amazônicas. Buscou-se uma que pudesse reunir os seguintes atributos: tivesse natureza acadêmica; fosse produzida em ambiente dissociado do imaginário regional, mas participe da herança colonial espanhola; fosse de anos recentes; não excluísse ou rejeitasse, a priori, as visões inseridas no relato; e utilizasse textos com reproduções dos originais. Com tais características utiliza-se o artigo “Las amazonas de Fray Gaspar de Carvajal” de Ricardo Accurso, da Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, que usa a edição do Fondo de Cultura Económica – (Colección Biblioteca Americana) publicada no México em 1955, com introdução e notas feitas por Jorge Hernández Millares, um especialista na expedição de Francisco de Orellana e na crônica de Carvajal (ACCURSO 2003-2005).
Na “Relación del nuevo descubrimiento del famoso Río Grande de las Amazonas” Gaspar de Carvajal (frade dominicano, nascido em Trujillo, Extremadura, Espanha, em 1504 e morto em Lima, Peru, em 1584) trata das amazonas em duas seções: “La buena tierra y señorío de las Amazonas” (8 páginas) e “Noticias de las Amazonas” (4 páginas), representando mais de 15% das 79 páginas da obra toda. A expedição encontra as amazonas no dia de São João Batista, 24 de junho de 1542, e esse dia e mês são extremamente importantes para compreender lacunas interpretativas na descrição do local do encontro, como será visto em seção mais adiante neste texto.
Carvajal narra da seguinte forma:
“De esta manera íbamos caminando, buscando algún apacible asiento para festejar y regocijar la fiesta del glorioso y bienaventurado San Juan Bautista, y quiso Dios que en doblando una punta que el río hacía, vimos la costa adelante muchos y muy grandes pueblos que estaban blanqueando. Aquí dimos de golpe em la buena tierra y señorío de las amazonas.” (pág.95)
Na primeira parte da viagem, região hoje conhecida como alto Solimões, a expedição obteve alimentos por meios pacíficos junto das tribos que encontraram. Mas no curso do médio Amazonas (após o encontro com o rio Negro) os habitantes dos lugares assumiram atitudes belicosas e causaram surpresa aos viajantes pela quantidade de núcleos habitados que surgiam levando os espanhóis a descreverem um mundo urbano florescente, salpicado de aglomerados bem cuidados, com sociedades bem estruturadas, circunstância que se verifica até a embocadura do grande rio. Tais narrações são ainda confirmadas, cem anos depois, por Christobal de Acuña, na expedição de Pedro Teixeira.
As amazonas são vistas em plena batalha, dirigindo uma tribo que havia se negado a fornecer alimentos aos espanhóis e ademais os perseguiam pelas margens no intento de capturá-los. Depois de escapar dessa primeira ameaça, seguem navegando e se aproximam de um povoado à procura de alimento, mas permanecendo dentro de seus bergantins, afastados da margem, prontos para escapar rapidamente. Desse povoado eclode um ataque com flechas, respondido com ballestas e arcabuzes, ensejando uma luta encarniçada, na qual uma das flechas fere o cronista. A ocorrência tem a seguinte descrição:
“Aquí estovimos en poco de nos perder todos, porque como había tantas flechas, nuestros compañeros tenían harto que hacer en se amparar de ellas sin poder remar, a causa de lo cual nos hicieron daño, que antes que saltásemos en tierra nos hirieron a cinco, de los cuales yo fui uno, que me dieron un flechazo por una ijada que me llegó a lo hueco, y si no fuera por los hábitos, alli quedara. Visto el peligro en que estábamos, comienza El capitán a animar y dar priesa a los de los remos que cabordasen, y ansí, aunque con trabajo llegamos a cabordar y nuestros compañeros se echaron al agua, que les daba a los pechos. Aquí fue muy peligrosa refriega, porque los indios andaban mezclados con nuestros españoles y se defendían tan animosamente que era cosa maravillosa de ver. Andúvose en esta pelea más de una hora, que los indios no perdían ánimo, antes parecía que de contínuo se les doblaba; aunque veían algunos de los suyos muertos y pasaban por encima de ellos, no hacían sino retraerse y tornar a volver.” (pág.97)
Carvajal explica que o acontecido fora causado pelo fato daqueles habitantes serem tributários das amazonas e que, tendo notícia da vinda dos espanhóis, foram pedir socorro delas que mandaram umas dez ou doze, que os comandavam com tal determinação que matavam a paus aqueles que ousavam desistir. Assim expõe:
“Quiero que sepan cuál fue la causa por donde estos indios se defendían de tal manera. Han de saber que ellos son subjetos y tributarios a las amazonas y, sabida nuestra venida, vanle a pedir socorro y vinieron hasta diez o doce, que éstas vimos nosotros, que andaban peleando delante de todos los indios, como por capitanes, y peleaban ellas tan animosamente que los indios no osaban volver las espaldas, y al que las volvía, delante de nosotros le mataban a palos, y ésta es la causa por donde los indios se defendían tanto.” (pág.97)
Prossegue Carvajal descrevendo com detalhes as amazonas, destacando beleza, coragem e destreza militar:
“Estas mujeres son muy altas y blancas y tienen el cabello muy largo y entranzado y revuelto a la cabeza : son muy membrudas, andaban desnudas en cueros y atapadas sus vergüenzas, con sus arcos y flechas en las manos, haciendo tanta guerra como diez indios, y em verdad que hobo muchas de éstas que metieron un palmo de flecha por uno de los bergantines y otras menos, que parecían nuestros bergantines puerco espín.” (págs.97-98)
Neste ponto Carvajal não pode fugir de seu universo mental. Sem informações mais precisas sobre aquela inusitada cena de mulheres guerreiras, manejando com destreza o arco e flecha, recorre ao imaginário grego conhecido dos espanhóis e as chama de amazonas, dando o ensejo para que o grande rio assumisse, no futuro, o nome de rio das Amazonas ou, simplesmente, rio Amazonas. Carvajal conta que mataram umas sete ou oito dessas mulheres, o que levou os índios a arrefecerem e cessar o ataque.
Em boa decisão, os espanhóis saem rapidamente do ambiente da batalha, mas a tempo de ver a chegada de forte contingente desses habitantes apoiado por uma frota de canoas que vieram pelo rio. Nesse evento foi capturado um desses habitantes, que será interrogado por Orellana e servirá como sua principal fonte de informação sobre as amazonas.
“En este pueblo ya dicho se tomó un indio que era trompeta y andaba animando la gente, que sería de edad de hasta treinta años, el cual, em tomándole, comenzó a decir al capitán muchas cosas de la tierra adentro, y le llevaba consigo.” (pág.98)
Parece difícil aceitar que os espanhóis pudessem entender corretamente a língua do nativo. Porém, eles já tinham tido dezenas de contatos com povos de línguas diferentes das suas e, por certo, levavam habitantes amazônicos na expedição os quais bem poderiam estabelecer alguma comunicação com o prisioneiro. O fato é que essa dificuldade não parece relevante para o cronista que, como será observado adiante, apenas a menciona de passagem, registrando que Orellana utilizou um vocabulário que havia desenvolvido para tal fim. Mesmo sendo possível superar a barreira da língua, a condição de cativo tornam duvidosas as informações prestadas por este, pois que, por temor, é razoável supor que acabaria por confirmar o que os europeus queriam saber. Estes, naturalmente, haveriam de perguntar com base no que sabiam do mito grego sobre mulheres guerreiras, as amazonas.
A expedição continua e também continuam as hostilidades de outras populações que vão surgindo, uma atrás da outra, ao longo de uma região de 150 léguas que os espanhóis chamaram de São João, por terem entrado nela no dia desse santo católico. Carvajal relata:
– a perda de um olho em batalha (“... permitió Nuestro Señor que me diesen un flechazo por un ojo que me pasó la flecha al cogote, de la cual herida perdí un ojo y no estoy sin fatiga y falta de dolor …”);
– a existência de cidades ditas grandes e a aparência de fertilidade da terra (“… la tierra adentro, a dos leguas y más o menos parecían muy grandes ciudades que estaban blanqueando, y demás de esto es la tierra tan buena y tan fértil y tan al natural como la nuestra España…”);
– ataques por água com centenas de canoas (“… como nos vieron salieron a nosotros al río sobre doscientas piraguas, que son que cada una trae 20 y 30 indios y algunas traen a 40 (de estas hobo muchas)…”); e
– a sensação de decepção ou admissão de malogro por não conseguirem obter alimentos e nem dobrar a firmeza dos habitantes daquela parte da Amazônia (“… pasamos con mucho trabajo de hambre, dejada aparte la guerra, porque como era muy poblado no hobo lugar donde saltar en tierra.”).
Após narrar a saída da região que chamaram São João, Carvajal conclui a primeira seção em que trata das amazonas, como visto, com poucos detalhes delas. Porém, na página 103 retoma o tema, agora para expor o testemunho do habitante amazônico feito prisioneiro quando lutava sob o comando das mulheres guerreiras.
O interrogatório feito por Orellana, com auxílio de vocabulário preparado para entender-se com o prisioneiro, inicia com a identificação do próprio cativo:
“… el capitán tomó al indio que se había tomado arriba, porque ya lo entendía por un vocabulario que había hecho, y le preguntó que de dónde era natural, y el indio dijo que de aquel pueblo donde le habían tomado. El capitán le dijo que cómo se llamaba el señor de aquella tierra, y el indio respondió que se llamaba Quenyuc y que era muy gran señor y que señoreaba hasta dónde estábamos.” (págs. 103-4)
Prossegue buscando saber sobre as mulheres que haviam lutado contra eles:
“… el indio dijo que eran unas mujeres que residían la tierra adentro cuatro o cinco jornadas de la costa del río, y que por este señor ya dicho, subjeto a ellas, habían venido a guardar la costa de nosotros. El capitán le tornó a preguntar que si estas mujeres eran casadas y tenían marido, el indio dijo que no …” (pág.104)
O prisioneiro informa que havia visitado várias vezes o reino das amazonas, quando levava os tributos que seu senhor enviava a elas. Situado terra adentro, esse reino tinha muitos povoados, com vivendas feitas de pedra, conectados por caminhos bem construídos, com pontos de passagens para cobrança de pedágios:
“El capitán preguntó que si estas mujeres eran muchas; el indio dijo que sí y que él sabía por nombre setenta pueblos y que en algunos había estado, y contólos delante de los que allí estábamos.” (pág.104)
“El capitán le dijo que si estos pueblos eran de paja; el indio dijo que no, sino de piedra y con sus puertas, y que de un pueblo a outro iban caminos cercados de una parte y de otra y a trechos por ellos puertas donde estaban guardas para cobrar derechos de los que entran. El capitán le preguntó que si estos pueblos eran muy grandes, el indio dijo que sí.” (pág.104)
Orellana questiona sobre aspectos relacionados à condição delas como mulheres, isto é, convivência com homens, procriação e conexos. Nesse particular, parece que os espanhóis reproduziram o mito grego, inclusive em relação a forma monárquica de organização e a ostentação de riquezas:
“Y el capitán le preguntó que si estas mujeres parían: él dijo que sí. Y el capitán dijo que cómo, no siendo casadas ni residiendo hombres entre ellas, se empreñaban: el indio respondió que estas mujeres participaban con hombres a ciertos tiempos y que cuando les viene aquella gana, de una cierta provincia que confina junto a ellas, de un muy gran señor, que son blancos, excepto que no tienen barbas, vienen a tener parte con ellas, y el capitán no pudo entender si venían a su voluntad o por guerra, y que están con ellas cierto tiempo y después se van. Las que quedan preñadas, si paren hijo dicen que lo matan o lo envían a sus padres, y si hembra que la crían con muy gran regocijo, y dicen que todas estas mujeres tienen una por señora principal a quien obedecen, que se llama Coroni (o Coñori).” (pág.105)
“Dice (el indígena prisionero) que hay muy grandísima riqueza de oro y que todas las señoras de manera y mujeres principales se sirven con ello y tienen sus vasijas grandes, y las demás mujeres solebeas (o plebeyas) se sirven en barro y palo…” (pág.105)
Os informes do prisioneiro referem-se aos lugares sagrados das amazonas, titulados por Carvajal como “casas del sol”, talvez recordando os recintos religiosos dos incas, que ele bem conhecia e tinha no imaginário como locais de muitos tesouros:
“… dice que en la ciudad donde reside la dicha señora (la reina de las amazonas) hay cinco casas del sol a donde tienen sus ídolos de oro y de plata en figura de mujeres y muchas más vasijas que les tienen ofrecidas, y que estas casas, desde el cimiento hasta médio estado en alto, están planchadas de plata todas a la redonda y sus asentaderos, de la mesma plata, puestos junto a las planchas, a donde se sientan cuando van a hacer sus borracherías, y estos adoratorios y casas ya dichas llaman los indios ‘carana’ (o ‘caranain’) y ‘ochisemomuna’, que quiere decir casas del sol, y que los techos de estas casas están aforrados en plumas de papagayos y de guacamayas.” (págs.105-6)
O prisioneiro segue informando que as amazonas andavam cobertas com roupas de lã das “ovejas del Perú“, ou seja, as lhamas, e também com muito ouro. Como os espanhóis tinham visto as guerreiras cobertas sumariamente e com o que pareceu ser couro, seria lógico supor que o lugar, “terra adentro”, onde habitavam, comumente, deveria ser frio, sugerindo assim uma proximidade com terras muito altas, quiçá, com as cordilheiras andinas.
Seguem ainda relatos sobre as riquezas das amazonas e sobre as características e ocupação do território habitado por elas, obviamente, informações úteis para uma possível futura expedição guerreira contra elas. Nesse ponto é surpreendente o prisioneiro informar que a terra onde elas viviam não era quente “… si no seca, porque queman carbón por tener lejos la leña … (págs. 106-7)”. Essa informação combina com a idéia de que o reino das amazonas estava fora da selva amazônica, talvez em zona montanhosa, uma vez que queimavam carvão por escassear lenha. Tendo alguma procedência o relato de Carvajal, esse reino deve ter sido uma potência regional, pois que, segundo o cativo, dominava muitos povos da região, tinham organização social complexa, aglomerados populacionais com estruturas urbanas, construções, riqueza e abundância de alimentos.
Para dar tom de factibilidade às informações do prisioneiro, Carvajal escreve que notícias das amazonas eles já haviam escutado previamente dos habitantes pacíficos do Alto Amazonas (denominado também Marañón), inclusive com mais dados a respeito dos construtores de seus edifícios e dos lavradores de seus campos. Mas não dá detalhes, dizendo que “no lo pongo aquí por no alargar“. Por fim, declara que sua testemunha era inteligente e de boa índole.
“Este indio era de edad de 30 años, de mucha razón y muy bueno y procuraba de saber muchas particularidades de nosotros.” (pág.107).
Assim se encerra o relato de Carvajal sobre as mulheres guerreiras, às quais deu o nome de amazonas e que, por habitarem as proximidades do rio explorado por Orellana, acabaram contribuindo para nominá-lo como Rio Grande das Amazonas.
Cheias da Bacia Amazônica e a inteligibilidade do encontro com as Amazonas
Um argumento que se utiliza para negar historicidade para as amazonas é o fato de elas não terem destaque ou mesmo existência nos relatos dos principais expedicionários que passaram, posteriormente, pela mesma região onde Orellana as encontrou.
Ocorre que, embora a viagem de Pedro de Ursua e Lope de Aguirre tenha sido logo após (em 1561), ela foi tumultuada com motins e o que se conhece dela foi obtido de fontes variadas, não sendo, tais relatos, fontes seguras para deslegitimar o relato de Carvajal. As viagens de Andrés de Toledo e Domingos de Brieva (em 1637) e a de Pedro Teixeira (1637-1639) ocorreram quase 100 anos após quando os efeitos nocivos dos primeiros contatos (mortandade por contaminações com doenças desconhecidas, guerras para pilhagem, captura para trabalho forçado, etc) já tinham produzido a primeira grande dizimação das populações nativas que habitavam as margens do rio Amazonas [2] e, as remanescentes, por certo, se tornaram menos expostas aos emissários da destruição.
[2] As outras ondas de dizimação vieram com as sucessivas iniciativas para consolidar a colonização portuguesa da região, a partir de 1616.
Porém, além das razões já mencionadas, há um fato que torna difícil, senão impossível, mesmo que quisessem, a ocorrência de um encontro desses viajantes com as amazonas, na região mencionada por Carvajal. E, ao que parece, tal circunstância, ainda não foi cogitada na literatura sobre o tema. Trata-se da data em que se deu o encontro e as datas em que as outras expedições teriam passado pela mesma região, bem como o volume das águas do rio Amazonas em cada uma dessas datas.
A região onde o encontro se deu – destacada na figura abaixo – situa-se próxima dos rios Nhamundá e Trombetas, ambos situados à margem esquerda do rio Amazonas. Eles descem das proximidades do Escudo Guianense e o primeiro se junta ao segundo (em frente a cidade de Oriximiná) o qual, por sua vez, deságua no rio Amazonas (próximo a cidade de Óbidos). Entre as partes finais do curso desses dois rios e a calha do rio Amazonas, há uma imensa área de várzea, com terras altas e terras baixas. Durante o verão, forma-se nessa região uma extensa planície de sedimentos, que fica salpicada de pequenos e grandes lagos; e de inúmeros igarapés que servem de conexão entre os dois rios e o curso central do rio Amazonas. Quando se aproxima o pico da vazante (final de outubro), a conexão entre as calhas do Nhamundá e do Trombetas com a calha do Amazonas, com exceção de alguns poucos igarapés, somente ocorre no ponto em que este último deságua no grande rio. Quem viaja pela calha do Amazonas, nesse período, não tem qualquer contato com o rio Nhamundá e nem mesmo se dá conta de sua existência.
Porém, durante o inverno, quando se aproxima do pico da enchente (final de junho), essa região transforma-se em uma grande área inundada pelas águas do rio Amazonas. Nessa época do ano, em sua maior parte, esse rio encontra-se no pico das cheias em sua calha e as suas margens se espraiam sobre toda a área de várzea, fazendo com que suas águas barrentas avancem até encontrar as águas mais escuras dos rios Nhamundá e Trombetas, que correm em paralelo. Essa circunstância dá a impressão de que os limites das margens do rio Amazonas estendem-se até englobarem esses rios secundários. Quem viaja pela calha do Amazonas no pico da cheia, sobretudo quando grande, tem a impressão de que o rio se estende até onde ficam as terras firmes, isto é, a margem esquerda dos dois rios. E que no meio da região pululam pequenas ilhas representadas pelas restingas ou terras altas de várzea que não ficam encobertas pelas águas.
Pois bem, a expedição de Orellana encontra as amazonas no dia de São João Batista, 14 de junho de 1542, exatamente no pico das enchentes. Ele diz que, ao dobrarem uma ponta que o rio fazia, entraram na região onde apareceram os povos que eram comandados por elas, sugerindo que não foi exatamente nas margens do rio Amazonas que a encontraram. Mas para eles, que viam as águas do rio espraiando-se para os confins da margem esquerda, não poderia haver dúvida que estavam na calha do rio Amazonas, quando, na verdade, podem ter chegado à calha do rio Nhamundá e por ela terem prosseguido até a calha do rio Trombetas, e só então retomando o curso normal do Amazonas.
Já não ocorre o mesmo com Pedro de Ursua e Lope de Aguirre que saíram do Peru em setembro de 1560, ou seja, em plena época de vazante. Mesmo que tenham tido motins e impasses durante a viagem, é conhecido o fato de que Lope de Aguirre, remanescente da expedição, alcançou o Atlântico e, de volta ao cenário político-militar da época, em 23 de março de 1561, se autoproclamou príncipe do Peru, Terra Firma e Chile. Isso significa que, se passou pela proximidade da região onde Orellana encontrou as amazonas, deve ter se mantido na calha do rio Amazonas (por ser época de vazante) e, por isso, pode não ter viajado pelos possíveis rios nas proximidade dos quais habitavam as amazonas – o Nhamundá e o Trombetas.
De igual maneira, há notícias de que a viagem de Andrés de Toledo e Domingos de Brieva iniciou-se no rio Napo, em 17 de outubro de 1636 e que, em fevereiro do ano seguinte, chegaram a Gurupá (Forte Curupá) (GOODMAN, 1972:93), localidade situada já próxima de Belém e Macapá, praticamente às portas do Oceano Atlântico. Tendo em vista essas datas e a distância entre Gurupá e o local onde Orellana teria encontrado as amazonas, eles devem ter passado pelas proximidades daquela região por volta de dezembro ou início de janeiro, período ainda muito distante do pico das cheias, que ocorre em junho. O mesmo se dá com a viagem de Pedro Teixeira, que saiu de Belém em outubro de 1637 e aonde chegou de regresso em 12 de dezembro de 1639. Tanto na ida como na vinda, deve ter passado pela região em meados de novembro, também distante do pico das cheias.
Assim, em todos três casos (Ursua e Aguirre; Toledo e Brieva; e Teixeira) há razões factíveis para supor que o curso da viagem não tenha incluído contatos com os rios Nhamundá e Trombetas, nos arredores dos quais Orellana parece ter encontrado as amazonas.
Daí em diante, quando os viajantes começaram a ser mais frequentes na Amazônia, os vestígios das famosas guerreiras deixaram de ser perceptíveis no mundo real e a memória de suas existências se instalou no imaginário dos habitantes nativos e dos discursos que inventaram a região e solaparam a possível historicidade delas, convertendo-as em lendas.
As percepções expostas nesta seção decorrem da intimidade do autor com a região descrita, na qual viveu durante bastante tempo desde a infância, tendo, por isso, percebido as nuances ecológicas de dezenas de ciclos cheias-vazantes [3]. Ademais, no imaginário da população que habita essa região, onde a descendência indígena é a tônica e na qual ainda existem tribos remanescentes, a existências de povoamento indígena ancestral, incluindo as amazonas, é parte da memória histórica. Tal fato se observa nas festividades, nas crenças e, até mesmo, no singular hábito de coletar pequenas peças de barro, em forma de caretas humanas ou de animais, que são desenterradas pelas fortes enxurradas que ocorrem durante o período das chuvas.
[3] O autor é originário de Terra Santa, Estado do Pará, município vizinho das cidades de Nhamundá, Faro e Oriximiná, todas elas situadas na região descrita.
Com tais considerações, é difícil supor que os estudiosos do tema, sem percepção in loco das circunstâncias descritas, por mais sérios e respeitados que sejam, pudessem encontrar lógica ou atribuir validade para o relato de Carvajal sobre as amazonas.
Percepções ressignificadas do relato sobre as Amazonas: Inferências plausíveis
O relato de Carvajal pode ser considerado sob duas dimensões: a factual, isto é, como escrito que relata algo que foi visto; e a mental, isto é, como produção que incorpora o imaginário da mentalidade do autor. Algo é visto e percebido como uma realidade singular e extraordinária, mas ao descrevê-la não pode eximir-se de fazê-lo a partir do universo cognitivo de que é portador, que inclui crenças, valores, paixões e interesses.
O fato de incluir aspectos que permanecem duvidosos, não o desqualifica, somente por isso, como inverossímil na totalidade. Assim como novos elementos esclarecedores dos discursos da época ganham força na reinterpretação de seus conteúdos, avanços na pesquisa arqueológica e antropológica transformam o que era tido como fantasia em fato real, como sói ser com o tamanho das populações de então e o nível de complexidade de suas organizações.
É possível inferir, por exemplo, que a designação de amazonas seja fruto, provavelmente, de uma mescla de mulheres guerreiras – que participavam de batalhas junto com os homens da tribo e que ocupavam algum lugar de destaque nessas sociedades – com imagens míticas originadas do mundo grego que os conquistadores portavam, bem como com o imaginário incaico sobre as Virgens do Sol que os espanhóis conheciam e que era partilhado pelos habitantes nativos, pelo menos nas regiões do médio e alto rio Amazonas (ACCURSO 2003-2005).
Diferentemente dos discursos lendários das amazonas gregas, as da Amazônia não eram primitivas, pois produziam alimentos, moravam em habitações bem construídas, possuíam organização social e acumulavam tesouros e poder. Poder este não apenas local, mas que se estendia por um amplo território que poderia ir dos Andes até os cursos inferiores do grande rio. E, nesse ponto, já se pode considerar outra mescla do que foi visto – a bravura e persistência das guerreiras que eram conhecidas pelos agrupamentos nativos encontrados ao longo da viagem – com o interesse do relator em impressionar os encomendantes ou destinatários do relato. Afinal, dominando-as seria possível controlar seus domínios e ter acesso às suas riquezas, um bom motivo para expedições futuras. As amazonas amazônidas simbolizavam, assim, “uma das tantas realidades fabulosas, espécie de paraísos terrenais, que os conquistadores ibéricos anelavam ganhar para si”, conforme conclui Ricardo Accurso.
Porém, se é certo que esse imaginário e interesses do relator influenciaram a descrição do que foi visto, não é possível fugir-se da constatação de que algo foi visto. Isto é, não é possível simplesmente atribuir falsidade ou inexistência para o conteúdo produzido. Há razões objetivas para isso:
– Havia muitas testemunhas que chegaram até o fim da viagem e obviamente, se a narrativa fosse simplesmente inventada, ela acabaria sendo desmentida por algum membro da expedição;
– Os relatos seriam entregues aos encomendantes e certamente fundamentariam outras viagens e não era possível supor que Carvajal e Orellana corressem o risco de serem desmentidos perante a coroa espanhola e financiadores;
– A posição de Orellana e Carvajal, até a morte, foi de destaque e não há notícias de que tenham sido desmentidos ou incomodados por falsidade do relato [4];
[4] Carvajal viveu até 1584 e no seu retorno ao Peru passou por posições relevo (foi subprior do Convento de São Rosário, árbitro de controvérsias no vice-reinado e na corte real, missionário em Tucumán, protetor dos índios no país, prior convento de Huamanga, provincial de Tucumán, provincial do Peru, entre outras) chegando mesmo a ser eleito (1565) representante de sua província junto à corte espanhola e ao Papa. Orellana viveu até 1546 e no seu retorno a Espanha, apesar de ter sido acusado de traição perante a Coroa (por Gonzalo Pizarro, parceiro de expedição que ele deixou para trás) ele foi capaz de defender-se convincentemente, tanto que foi nomeado governador da Nova Andaluzia, cujo território incluía grande parte da região por ele navegada, e sobre o qual ele obteve direitos para explorar, conquistar nativos e fundar colônias, empreitada mal sucedida e na qual veio a falecer de “doença e tristeza”.
– O relatório da expedição era fonte oficial usada pela Coroa espanhola para legitimar domínios em uma época de disputas expansionistas e, por isso, era imprescindível que tivesse credibilidade sobre os dados que trazia, especialmente sobre características das terras, de seus habitantes e de suas riquezas. Não há notícias que, à época, tenham sido colocados em dúvida;
– Estudos arqueológicos e antropológicos recentes comprovam que a Amazônia, na época do contato europeu, era densamente habitada ao longo das margens do grande rio, com sociedades organizadas, grandes núcleos populacionais e intensa interação entre eles.
– O argumento de que outros viajantes não encontraram as amazonas pode perfeitamente ser atribuído à época em que passaram pela região. Enquanto Orellana passou no pico das cheias, quando o rio Amazonas espraia suas águas até próximo dos cursos inferiores dos rios Nhamundá e Trombetas, dando a impressão de que estes são extensão daquele, os demais viajantes passaram em época que, ou era pico de vazante ou próximo dele, circunstância em que teriam que seguir o curso normal do Amazonas, ignorando o papel dos rios Nhamundá e Trombetas como eventual cenário da existência das amazonas.
Assim, há bases críveis para se supor que as amazonas não foram invenções fantasiosas ou criações imaginárias de Carvajal e Orellana. Pode ser que não possuíssem a exuberância sofisticada que lhes foram atribuídas, mas por certo portavam algo inusitado que chamou a atenção e maravilhou os dois expedicionários, levando-os a dedicar 12 páginas do relatório oficial da viagem para elas.
Entre os tantos saques impostos a Amazônia pelo destruidor e sombrio processo colonizatório europeu, nenhum é mais cruel do que o da destruição de sua memória ancestral, de sua identidade cultural e dos ícones de seu imaginário. Este texto, escrito por mãos não tão hábeis, é um singelo esforço em honra à memória das índias guerreiras que, como o texto procurou demonstrar, viviam às margens do colossal Rio Amazonas, para evitar que se instale, definitivamente, no universo das lendas, aquilo que, como visto, parece ter sido elemento real do passado remoto da Amazônia.
Bibliografia
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