O avanço do desmatamento na Amazônia está cobrando um alto preço a uma das principais funções ambientais da maior floresta tropical do mundo na contenção da mudança do clima – sua capacidade de absorver carbono.
Um estudo publicado nesta 4ª feira (14/7) na revista Nature indica que a Floresta Amazônica está emitindo mais carbono do que absorvendo, resultado do aumento do desmatamento, da degradação florestal e dos efeitos da mudança do clima, em particular a ocorrência de estiagens mais fortes que deixam a floresta mais seca e vulnerável ao fogo.
A pesquisa foi conduzida por cientistas do INPE e analisou dados obtidos a partir de mais de 600 sobrevoos em quatro regiões diferentes da floresta, realizados ao longo de nove anos (2010-2018). As informações mostram que as áreas com mais de 30% de desmatamento apresentaram emissões de carbono dez vezes maiores do que regiões com desmatamento inferior a 20%. As áreas mais desmatadas (concentradas entre o sul do Pará e o norte do Mato Grosso) também registraram estações secas mais fortes e prolongadas.
De acordo com o estudo, nos meses de agosto, setembro e outubro, a temperatura média subiu 2°C e a chuva teve redução de 35%.
Entre 2010 e 2018, a Floresta Amazônica emitiu mais de 1 bilhão de toneladas de CO2 equivalente por ano, decorrentes das queimadas registradas na região. No mesmo período, o saldo final entre absorções e emissões foi de 0,87 bilhão de toneladas por ano, o que significa que apenas 18% das emissões por queimadas estão sendo absorvidas pela própria floresta. Assim, a Amazônia deixou de retirar 0,19 bilhão de toneladas de CO2 equivalente por ano da atmosfera.
Bem-vindos à era pós-tipping point.
Os dados tiveram ampla repercussão na imprensa nacional e estrangeira, com destaques na BBC, CNN Brasil, Guardian, G1, Inside Climate News, NY Times e Veja.
Fonte: ClimaInfo
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