O Globo entrevistou o analista ambiental Hugo Leonardo Mota Ferreira, servidor do IBAMA e testemunha ouvida pela Policia Federal na Operação Akuanduba, a que investiga um esquema de contrabando de madeira ilegal da Amazônia para o exterior e o envolvimento de autoridades do órgão ambiental e do ministério do meio ambiente. Para ele, o ministro Ricardo Salles, um dos alvos da investigação, é um “amparador da devastação e da destruição” ambiental no Brasil, responsável por desmantelar a estrutura de fiscalização e perseguir servidores que atuam de maneira contrária aos interesses dele.
“Quem não fornece o parecer (pedido) de alguma forma é combatido, seja por perda de cargo, remoção forçada, perseguição por motivo fútil via Corregedoria ou auditoria ou expulso da sala de trabalho, que foi o que aconteceu comigo”, disse Ferreira.
Já a Folha abordou a atuação do assessor especial de Salles, Leopoldo Butkiewicz, em favor de uma empresa do interior de São Paulo alvo de sanções do IBAMA. Segundo o jornal, a partir de informações do inquérito, Butkiewicz pressionou fiscais para suspender autuações ambientais impostas à Prema Tecnologia e Comércio, de Rio Claro, que fabrica dormentes ferroviários e postes. “O IBAMA está prejudicando esse proprietário”, cobrou o assessor em mensagem de WhatsApp para fiscais.
Além da encrenca no ministério do meio ambiente, Salles também é alvo de um inquérito na Justiça de São Paulo sob a acusação de enriquecimento ilícito. Segundo a Folha, os promotores paulistas tiveram acesso a dados sobre as contas e o patrimônio de Salles que sustentam essa suspeita. Entre 2012 e julho de 2020, o escritório de advocacia de Salles movimentou mais de R$ 14 milhões, com cerca de R$ 2,8 milhões movimentados para a conta pessoal do ministro até 2017. Nesse período, o patrimônio de Salles teve um salto de R$ 7,4 milhões. A suspeita dos promotores é de que esse enriquecimento tenha sido associado a crimes de tráfico de influência e exploração de prestígio para atender a interesses empresariais durante a passagem de Salles pelo governo de São Paulo nos anos 2010.
Em tempo: O bispo emérito do Xingu, Dom Erwin Krautler, não esconde o asco que sente por Salles. “A boiada passa, e ela não tem freio, escrúpulo, vergonha. Isso para mim foi uma das expressões mais vergonhosas que um político brasileiro já produziu”, disse à Folha. O bispo preside a Rede Eclesial Pan-Amazônica, signatária de uma carta assinada por lideranças católicas contrárias à pauta antiambiental defendida pelo governo Bolsonaro e seus aliados do Centrão no Congresso.
Fonte: ClimaInfo
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