A rodada recente de discussões sobre mudança do clima e instabilidade e ameaças à paz mundial no Conselho de Segurança da ONU ressuscitou certa desconfiança de tempos da diplomacia brasileira sobre a pertinência desse assunto na cúpula do poder multilateral. O motivo é óbvio: nessa equação, dificilmente a Amazônia não entraria na pauta de debate entre as grandes potências globais, algo que praticamente arrepia as Forças Armadas inteiras e é um espantalho frequente usado por Bolsonaro para apontar os “interesses externos” na floresta. O problema é que, como bem destacou Daniela Chiaretti no Valor, o Brasil nunca esteve tão desmoralizado no exterior, motivado pelas “boiadas” da gestão Bolsonaro-Salles sobre o meio ambiente. A devastação da Amazônia, afligida pela intensificação do desmatamento e das queimadas, bate de frente com a pretensão sustentabilista que muitos países estão definindo para suas políticas externas e atinge em cheio qualquer perspectiva de respeitabilidade internacional do Brasil na discussão sobre clima. Citando o cientista político Hussein Kalout, da Universidade de Harvard, Chiaretti destaca que a destruição da floresta está fazendo com que o país perca um ativo fundamental que serve como projeção de poder para seus interesses estratégicos. “O Brasil, um ator incontornável nestes temas, está se colocando como um ator contornável”, disse Kalout.
Em tempo: Falando em imagem desgastada, mais uma vez representantes de Povos Indígenas brasileiros levaram ao Conselho de Direitos Humanos da ONU acusações contra o governo Bolsonaro. Apresentada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a acusação destaca a conduta irresponsável do presidente e seus ministros na gestão da pandemia nas comunidades indígenas, acusando-os de promover uma “política de extermínio” e “genocídio”. Jamil Chade deu mais detalhes no UOL.
Fonte: ClimaInfo
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