“Há soluções para melhoria contínua no transporte de Manaus, mas será preciso um esforço, menor do que o esforço para o enfrentamento da Covid-19. Contudo, uma coisa é certa: não há solução automática. No automático só há mais e mais perdas de vida, de hora em hora, dia a dia.”
Augusto César Barreto Rocha
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O Teatro Amazonas e a Reserva Adolpho Ducke são dois marcos fundamentais de Manaus. A viagem entre eles pode ser uma delícia ou um suplício, dependendo da hora e do dia, podendo chegar a mais de uma hora e meia. O lamentável desta história é que são apenas 25km que os separam. Na hora de pico é mais rápido ir de bicicleta do que de carro. Nos acostumamos e aceitamos isso como se fosse uma necessidade da vida moderna, mas não é.
O que me toca: poderia haver fácil acessibilidade para bicicletas, incentivando esta oportunidade e poderiam existir outras intervenções de mobilidade urbana reduzindo expressivamente o tempo da hora de pico. Diferentemente da Covid-19, já existem “vacinas” faz muitos anos para este tipo de problema. Para a doença dos transportes nas cidades já existem soluções muito conhecidas, mas é necessário realizá-las. Simplesmente o problema dos transportes em Manaus não vem sendo considerado como uma doença. Parece até que achamos bom ter problema de trânsito, pois nos faz parecer com um grande centro, como se fosse normal ficarmos em um carro por 1h30min dirigindo em um percurso de 25km.
São milhares de pessoas que fazem este movimento para o Norte de Manaus. É um recurso enorme de vidas desperdiçadas. Todavia, para algum dia chegarmos na solução deste problema é preciso que a sociedade reconheça que existe o problema. Depois de reconhecer, precisa decidir que quer enfrentar o problema. A partir daí, é preciso enfrentar o problema, para colhermos uma solução futura. Por algum conjunto de motivos não conseguimos nem chegar ao primeiro passo.
Enquanto isso, uma coalizão entre 17 investidores e fabricantes anunciou no último dia 10, que pretende injetar US$ 1 bilhão para financiar o aumento da frota de ônibus elétricos em São Paulo, Santiago (Chile), Medellín (Colômbia) e Cidade do México. Há uma tendência global para a adoção de veículos elétricos e isso seria muito oportuno por aqui, pois deveríamos ser um símbolo de respeito ao meio ambiente. Há nestas duas questões grandes oportunidades para Manaus, tanto na questão elétrica para atrair outras produções para o Polo Industrial, quanto na oportunidade de acolher melhor a potente produção de bicicletas já existente. Há soluções para melhoria contínua no transporte de Manaus, mas será preciso um esforço, menor do que o esforço para o enfrentamento da Covid-19. Contudo, uma coisa é certa: não há solução automática. No automático só há mais e mais perdas de vida, de hora em hora, dia a dia.
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