Foto:Mário Oliveira
Augusto César Barreto Rocha (*)
Na semana passada começou uma nova década cardinal. Ela se diferencia da década ordinal, que será 2021-2030. Em meu momento de vida, percebo que todo novo dia é uma oportunidade. Por extensão, o início de uma nova década é uma grande oportunidade. Adoro inventar oportunidades para melhorar. Como usaremos esta oportunidade no dia a dia para transformarmos a nossa vida e a nossa vida em sociedade em algo muito melhor do que é? Quais as ações que tomaremos hoje, amanhã, e ao longo dos próximos anos, que trarão as mudanças aspiradas? Temos mudanças aspiradas? Como construir a cada dia estas mudanças? Quais as ações que serão Pontos de Inflexão na realidade negativa, transformando-as em positivas?
Infraestrutura
Em relação à infraestrutura de transportes, percebo que a grande mudança necessária é a aceitação que sem infraestrutura de transportes, a realidade da atividade econômica no Amazonas não será diferente. Se queremos uma mudança em relação à condição atual de produção na capital e no interior do Estado, precisaremos aceitar que existe a necessidade de construção de novas infraestruturas, para que elas oportunizem novos negócios, além dos atuais.
Bionegócios
Com respeito aos bionegócios, que aparentam ser uma grande oportunidade para o Amazonas, será necessário um esforço concentrado do Governo Federal, em conjunto com o Governo do Estado, por meio de suas equipes de Ciência & Tecnologia, em conjunto com as Universidades e Institutos de Pesquisas, para eliminar as barreiras que atrapalham esta oportunidade. Afinal, não faz mais sentido esta grande oportunidade não ser explorada amplamente. Isso precisa mudar e cabe ao poder executivo a prescrição sobre como mudar. Já é chegada a hora deste marco ser criado, pois todas as condições estão postas e é um momento oportuno na ideologia dos governos da hora.
Produtos da floresta
No que diz respeito aos produtos advindos da floresta, já passou do momento de termos aqui a infraestrutura e as companhias necessárias para a exploração desta atividade. O que falta para atrair os grandes grupos empresariais globais para a produção de proteínas a partir dos peixes da Amazônia? O que falta para o Amazonas buscar estas companhias e incentivá-las a se instalarem aqui, trazendo capital, tecnologia e expertise neste negócio que não somos competitivos. Meia dúzia de jogadores internacionais produzindo por aqui mudariam toda a dinâmica desta cadeia produtiva que sabemos ser importante, mas não transformamos, até agora, em realidade.
Nada é simples
Colocado assim, em um texto ligeiro, tudo dá a impressão de ser simples. Contudo, todos que habitamos e refletimos sobre a região temos a consciência que nada é simples. Mas os marcos de mudança de década, que são puras abstrações, servem também para isso: para nos impulsionar nas mudanças necessárias. Assim, como aquelas pessoas que decidem fazer um novo curso, iniciar atividade física, perder ou ganhar peso, pintar uma casa, trocar de computador, trocar de carro, trocar de emprego ou de atividade… Não faltam mudanças ansiadas nas vidas pessoais. Sabemos o quanto não é fácil mudar, por estes pequenos-grandes fatos da vida.
Além do conformismo
Percebemos ainda que as mudanças acontecem quando existe muita, muita vontade para acontecer, por entendermos que a nova realidade será melhor. Entretanto, será que realmente acreditamos que uma nova realidade será melhor? Parece que este é o grande problema. A preguiça associada ao conforto com a realidade atual leva a um modelo de Amazonas e de Amazônia que agrada a muitos. Este talvez seja o maior impeditivo para a mudança. Há gente demais confortável com a realidade atual. Por isso que a elas agrada a situação atual. Talvez por isso que não mudemos a realidade e sigamos como estamos. Por isso crises são impulsionadoras. Será que as lideranças estão em crise?
(*) Professor da UFAM.
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