O território abrangido pela Mata Atlântica teve aumento de 91% da área agrícola nos últimos 39 anos; apesar disso, 45% dos municípios aumentaram sua vegetação nativa
A Mata Atlântica, bioma mais impactado pelo uso e alteração da terra no Brasil, sofreu significativas mudanças entre 1985 e 2023, conforme análise da Mapbiomas divulgada em 26 de novembro de 2024. Nesse período, houve um aumento de 91% nas áreas agrícolas dentro do bioma, contrastando com a perda de 10% de sua vegetação nativa, o que representa 3,7 milhões de hectares.
Com apenas 31% de cobertura vegetal preservada e 67% do território ocupado por atividades humanas, o bioma continua vulnerável. Atualmente, em 60% dos municípios da Mata Atlântica, menos de 30% da área natural é mantida. Estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo foram os únicos que conseguiram recuperar mais áreas do bioma do que perderam.
Apesar disso, a boa notícia é que quase metade (45%) dos municípios contemplados pelo bioma tiveram aumento de vegetação nativa desde 2008, recuperação promovida a partir da aplicação do Código Florestal Brasileiro.
“A Mata Atlântica convive simultaneamente com o desmatamento e a regeneração, mas em regiões que não coincidem. Ainda perdemos matas nas regiões onde ainda há uma proporção relevante de remanescentes e ganhamos onde a devastação ocorreu décadas atrás e sobrou muito pouco”, diz o diretor executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Luis Fernando Guedes Pinto, à Agência Brasil.
O estudo também destaca que a floresta foi a classe de cobertura natural mais prejudicada. Incluindo formações florestais, savânicas, manguezais e restingas arbóreas, o bioma perdeu cerca de 2,7 milhões de hectares desse tipo de vegetação.
Taxa de desmatamento em queda
Apesar da intensa pressão da ação humana sobre essa vegetação, um dado positivo chamou atenção em 2023: o desmatamento no bioma foi 49% menor em comparação ao ano 2000. Esse progresso oferece perspectivas animadoras, segundo Guedes Pinto, que destacou caminhos para o futuro.“Atingir o desmatamento zero e promover uma restauração em grande escala são medidas cruciais para assegurar o futuro do bioma, ajudar a enfrentar as crises globais de clima e biodiversidade, manter os serviços ecossistêmicos essenciais e prevenir tragédias locais”, afirmou.