Pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em colaboração com outras instituições, identificaram o primeiro caso de meningite eosinofílica no Brasil causado pelo parasita Gnathostoma, comumente encontrado em peixe amazônico cru.
O estudo, divulgado na “Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical” na segunda-feira (4), destaca a importância deste achado, anteriormente conhecido apenas por provocar lesões cutâneas no país.
O incidente, ocorrido em agosto de 2017 na Amazônia, envolveu um jovem participante de uma excursão de pesca no rio Juruena, situado entre o Amazonas e Mato Grosso. Após consumir sashimi de tucunaré, ele e outros turistas apresentaram sintomas variados, desde diarreia aguda até, no caso do jovem, fadiga, palpitações, dificuldade respiratória e intensas dores de cabeça.
Análises de sangue e líquido cefalorraquidiano revelaram uma elevada presença de eosinófilos, indicando uma infecção parasitária. A confirmação veio por meio de um teste sorológico específico fornecido pela Universidade Khon Kaen, na Tailândia, que detectou anticorpos anti-gnathostoma no paciente.
Este caso serve como alerta para os riscos associados ao consumo de peixe cru, especialmente de espécies silvestres como o tucunaré. Carlos Graeff-Teixeira, um dos autores do estudo, recomenda precaução e o preparo adequado do peixe, privilegiando métodos como assar, cozinhar ou grelhar. O relatório apela também para a conscientização de médicos, pescadores e do público em geral sobre as ameaças de infecções parasitárias relacionadas à ingestão de alimentos não cozidos.
Este caso sublinha a necessidade de conscientização sobre os riscos de doenças transmitidas por alimentos e a importância de práticas seguras de alimentação, além de incentivar a comunidade científica a continuar investigando as vias de transmissão de parasitas como o Gnathostoma, visando prevenir futuros casos de infecções e proteger a saúde pública.
*Com informações Agência Bori
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