Em meio a corrida eleitoral liderada por Amom Mandel até agora, uma pesquisa em Manaus revela uma crescente preocupação dos eleitores com a pauta ambiental, influenciada por episódios recentes de queimadas e poluição. Este cenário destaca a urgência de políticas de proteção ambiental na escolha dos futuros gestores municipais
No que diz respeito à relevância da agenda ambiental, 90% dos votantes de Manaus a classificam como “importante”, enquanto um adicional de 5% a veem como “um pouco importante”, conforme revela um estudo do instituto Listening. Este levantamento foi realizado com 1.100 eleitores da capital do Amazonas, no período de 28 de fevereiro a 2 de março, apresentando uma margem de erro de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos, e um nível de confiança de 95%.
A pesquisa ainda aponta que apenas 2% dos entrevistados não veem a questão ambiental como relevante, e 3% não responderam ou se abstiveram de opinar. Os resultados deste estudo estão registrados sob o número AM-06981/2024 no TRE-AM, estando disponíveis para consulta no site do TSE.
Durante os meses de agosto a novembro do ano anterior, uma densa nuvem de fumaça, originária de incêndios em áreas próximas, cobriu Manaus, o que, segundo análises do instituto, pode ter elevado a consciência ambiental entre os habitantes. Flávia Lima Moreira, CEO da Listening, destacou: “A pauta ambiental, antes considerada uma preocupação distante, tornou-se uma realidade inegável na vida das pessoas”. Ela ainda enfatizou a importância de os eleitores manauaras escolherem líderes e administradores que se comprometam com a implementação de políticas efetivas para a proteção ambiental, garantindo um futuro sustentável para as próximas gerações.
Preferências eleitorais
A pesquisa também explorou as intenções de voto para o cargo de prefeito de Manaus. Na modalidade espontânea, 57% dos participantes indicaram indecisão sobre seu voto. Amom Mandel (Cidadania) e o prefeito em exercício, David Almeida (Avante), estão tecnicamente empatados com 18% das intenções de voto. Seguem-nos Coronel Menezes (PL), que não se elegeu ao Senado no último pleito, e Roberto Cidade (UNIÃO), presidente da Assembleia Legislativa do estado, ambos com 2%. Com 1% das preferências estão o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL), a ex-juíza Carol Braz e o senador Eduardo Braga, todos filiados ao MDB.
Em uma pesquisa estimulada, com os candidatos listados aleatoriamente, Amom lidera o primeiro cenário com 35%, seguido por David Almeida com 28% e Capitão Alberto Neto com 13%. Votos brancos ou nulos somam 8%, e outros 8% dos entrevistados não souberam ou preferiram não responder. No segundo cenário, substituindo Alberto Neto por Coronel Menezes, Mandel amplia sua liderança para 38%, enquanto David Almeida mantém-se com 28% e Coronel Menezes alcança 11%. Nesse cenário, 9% optaram por voto branco ou nulo e 6% não souberam ou não quiseram responder.
Cenários de segundo turno nas eleições de Manaus
Nos cenários projetados para o segundo turno, Amom Mandel apresenta uma vantagem significativa. Contra David Almeida, Mandel foi a escolha de 57% dos entrevistados, enquanto Almeida recebeu o apoio de 29%. Votos brancos e nulos representaram 8%, e 6% dos participantes da pesquisa não tinham uma opinião formada ou preferiram não responder. Em outra disputa, desta vez contra Capitão Alberto Neto, Mandel manteve a mesma porcentagem de apoio, 57%, enquanto Neto alcançou 20%. A opção por votos brancos ou nulos aumentou para 12%, e os indecisos ou que preferiram não responder subiram para 11%.
No embate direto entre David Almeida e Capitão Alberto Neto, ambos buscando o endosso de Jair Bolsonaro, Almeida obteve 45% da preferência dos entrevistados, superando os 26% de Neto. A porcentagem de votos brancos ou nulos foi significativamente alta, atingindo 20%, enquanto 9% dos entrevistados não souberam ou não quiseram expressar uma preferência.
Postura ambiental dos candidatos
O Monitor do Congresso de ((o))eco destacou o histórico de Capitão Alberto Neto, representante do PL, em relação à pauta ambiental. Durante a última legislatura (2019-2022), ele votou a favor de projetos controversos, como o do Licenciamento Ambiental (PL 3729/04), da Regularização Fundiária (PL 2633/20), e do pedido de urgência para o projeto sobre Mineração em Terras Indígenas (PL 191/20). Em outras votações importantes, como o PL do Veneno (PL 6299/02) e a alteração de Áreas de Proteção Ambiental em zonas urbanas, Neto não participou.
Na legislatura atual, Neto elaborou um relatório favorável ao PL 4994/23, que propõe facilitar o licenciamento ambiental para a BR-319, estrada que liga Manaus a Porto Velho (RO) e é conhecida por altos índices de desmatamento e focos de calor em suas proximidades. O projeto, que visa classificar a rodovia como “infraestrutura crítica” e sugere o financiamento de seu asfaltamento com recursos do Fundo Amazônia – uma medida vista por ambientalistas como de grande impacto ambiental e inconstitucional –, reflete a complexidade e a urgência da discussão ambiental na região.
Com informações d’O Eco
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