Apenas assim, com reconhecimento e modernização, poderemos garantir que o setor comercial continue — como sempre foi — a ser um motor de desenvolvimento e crescimento para o Brasil.
Por Belmiro Vianez Filho
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A força de contribuição da atividade comercial e de serviços para a economia brasileira é inegável e, ao mesmo tempo, desprovida de contrapartidas. Este setor cumpre o sagrado dever, que a lei chama de responsabilidade social, de gerar empregos e contribui significativamente para a formação do PIB. E de quebra, é obrigado a desempenhar um papel solo na formação e qualificação da mão de obra, enquanto outros setores dispõem de generosos recursos de sustentação. Resta uma questão: apesar de sua eloquente importância, ainda é um segmento tratado com desatenção pelos gestores públicos, que frequentemente deixam de reconhecer seu potencial e suas necessidades específicas para assumir por si só o venha a nós da liturgia pública.
É mesmo importante essa contribuição?
A atividade comercial e de serviços é uma das principais portas de entrada para o mercado de trabalho. A maioria dos brasileiros começa suas carreiras nesse setor, onde recebe a formação prática inicial e desenvolve habilidades fundamentais. A contribuição social do comércio, ao oferecer o primeiro emprego e oportunidades de qualificação, entre tantos benefícios, não pode ser subestimada. É uma via que permite aos trabalhadores conhecerem o mundo produtivo e crescerem profissionalmente ao ingressar nas mais diversas atividades.
Embaraços na legislação e burocracia
Para que o setor possa atingir todo seu potencial, é necessário que a legislação acompanhe suas demandas. E não somente ao contrário. Não se trata apenas de redução de impostos, mas de simplificação da burocracia e eliminação de regras que mais atrapalham do que ajudam. A atividade comercial precisa de um ambiente que facilite a operação e a inovação, não de um emaranhado de normas que inibem seu desenvolvimento e bloqueiam o desabrochar de tantas iniciativas.
Nova realidade tecnológica
Com o advento do e-commerce e das novas tecnologias, o setor enfrenta desafios inéditos. A mão de obra não qualificada, que encontra no comércio seu primeiro emprego, está em risco. É crucial que instituições e governos se preparem para essa nova realidade, oferecendo cursos e programas de formação que acompanhem as exigências do mercado atual e corroborem na realização profissional de nossa juventude. Infelizmente, ainda vemos uma falta de investimento sério na qualificação tecnológica da mão de obra.
O papel das instituições públicas e privadas
Os gestores públicos devem avaliar e entender a importância do setor comercial e de serviços não apenas pela geração de empregos e PIB, mas também pelas contrapartidas sociais que oferecem. É necessário um esforço conjunto para criar políticas públicas que incentivem a formação profissional e tecnológica. As instituições de ensino devem focar na preparação para o futuro, com cursos que realmente atendam às novas demandas do mercado. Aqueles que estão disponíveis são inacessíveis para o micro e pequeno empreendimento.
Preparação para o futuro
O futuro é agora e o Brasil precisa enfrentar o desafio de qualificar sua mão de obra para a nova era tecnológica. Sem essa preparação, corremos o risco de ver nosso setor comercial e de serviços defasado em relação ao restante do mundo. E por isso ficamos brigando de autoriza ou não autoriza e em que percentuais a taxação. O buraco está no andar de baixo . Por que os asiáticos conseguem desembarcar no Brasil produtos de alta competitividade? Com certeza eles não Trabalham quase seis meses por ano para sustentar o governo. As instituições mantidas pelo setor de serviços devem liderar esse movimento, com foco em formação técnica e desenvolvimento tecnológico no bojo das contrapartidas justas, inteligentes e coerentes.
Sem sombra de dúvidas, oferecer incentivos eternamente para fomentar micro empreendimentos é pensar micro. O Brasil precisa assegurar o desabrochar empresarial tomando por parâmetro sua grandeza. E isso começa com o imperativo aos gestores públicos para que reconheçam e valorizem o papel do setor comercial e de serviços na economia e na sociedade. Não para criar instituições de fachadas e de altos salários. Que sejam implementadas políticas que simplifiquem a burocracia, incentivem a inovação e, principalmente, ofereçam formação profissional adequada para enfrentar os desafios do futuro.
Apenas assim, com reconhecimento e modernização, poderemos garantir que esse setor continue — como sempre foi — a ser um motor de desenvolvimento e crescimento para o Brasil.
Belmiro Vianez Filho é empresário do comércio, ex-presidente da ACA e colunista do portal BrasilAmazôniaAgora e Jornal do Commércio
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