Em Nova York cumprindo agenda até quarta-feira, o presidente Lula falou sobre atuação de líderes globais diante dos eventos climáticos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou na Cúpula do Futuro, realizada na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, na manhã deste domingo (24). Em sua fala, Lula destacou a falta de investimentos suficientes dos países desenvolvidos para combater as mudanças climáticas e alertou sobre o risco de um “fracasso coletivo” se os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) não forem atingidos.
A Cúpula do Futuro, um evento paralelo à Assembleia-Geral da ONU, tem como foco principal discutir o futuro da governança global e acelerar a implementação dos ODS, definidos como metas centrais para a sustentabilidade e equidade mundial. Durante seu discurso, Lula enfatizou a necessidade de maior compromisso dos países ricos no financiamento climático.
Nesse sentido, Lula fez duras críticas à falta de ambição e ousadia dos líderes mundiais na luta contra a mudança climática, destacando que os recursos destinados atualmente para o financiamento de projetos ambientais são insuficientes.
“Voltar atrás em nossos compromissos é colocar em xeque tudo o que construímos tão arduamente. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos e caminham para se tornarem nosso maior fracasso coletivo. No ritmo atual de implementação, apenas 17% das metas da Agenda 2030 serão atingidas dentro do prazo”, completou.
Lula também chamou a atenção para a disparidade entre as promessas feitas e as ações tomadas pelos países desenvolvidos. Ele ressaltou que é essencial que os países assumam suas responsabilidades e financie a transição energética global. Sem essa ação, o futuro das próximas gerações estará comprometido.
O presidente brasileiro também demonstrou preocupação com o ritmo lento da implementação dos ODS. Ele advertiu que, no cenário atual, apenas 17% das metas da Agenda 2030 serão alcançadas dentro do prazo.
Igualdade de gênero, racismo e fome em foco
Em seu discurso, Lula também ressaltou a importância de não recuar nas conquistas sociais, como a promoção da igualdade de gênero e a luta contra o racismo. Ele reiterou a necessidade de uma frente unida contra a fome, lembrando que, atualmente, 733 milhões de pessoas passam fome no mundo.
Reforma da governança global e papel do Sul Global
Outro ponto forte do discurso de Lula foi a defesa da reforma da governança global, uma prioridade do Brasil durante sua presidência do G20. O chefe de estado brasileiro defendeu a revisão das dívidas dos países em desenvolvimento e a tributação internacional dos super-ricos como forma de gerar recursos para os mais pobres.
Na avaliação de Lula, o Sul Global não está representado de forma adequada nas principais instâncias de decisão mundial. O Conselho de Segurança da ONU e outras organizações multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial, carecem de representatividade e autoridade.
A Cúpula do Futuro tem como objetivo principal restabelecer a confiança na governança global, que tem sido corroída por conflitos e crises internacionais, como a pandemia da COVID-19 e a guerra na Ucrânia. O evento deve culminar em um documento intitulado “Pacto para o Futuro”, que incluirá compromissos com a digitalização global e uma declaração sobre as gerações futuras.
Agenda de Lula
Na próxima terça-feira (24), Lula fará o discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU, onde deve reforçar os compromissos do Brasil na presidência do G20, com foco no combate à fome e nas ações para mitigar os efeitos do aquecimento global. Também defenderá a reforma do Conselho de Segurança da ONU e dos organismos multilaterais de crédito.
Além do discurso de abertura, Lula também participará de uma mesa redonda organizada em conjunto com o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, com o tema “Em defesa da democracia. Lutando contra extremismos”. O evento, que será realizado na tarde de terça-feira, faz parte dos esforços do governo brasileiro para reforçar o compromisso com a democracia em nível internacional.
Na quarta-feira (27), Lula encerra sua participação com uma reunião do G20, onde lideranças de países que não fazem parte do grupo também foram convidadas para debater questões globais prioritárias.
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