De janeiro até o início de julho, a terra indígena Sararé já perdeu uma área equivalente a 540 campos de futebol devido ao garimpo ilegal, estima Ibama
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) está direcionando esforços para enfrentar e conter o avanço do garimpo ilegal na Terra Indígena Sararé, território do povo Nambikwara. Oficialmente demarcada em 1985, a terra, que é casa de cerca de 250 indígenas, tem sido alvo de invasões constantes para a exploração de ouro.
Desde 2023, o Ibama realizou 11 operações de fiscalização ambiental na região. Durante uma ação recente, realizada entre os dias 25 e 27 de setembro, pelo menos 16 escavadeiras hidráulicas e uma balsa de mergulho, usadas nas atividades ilegais de garimpo, foram destruídas. Além da destruição dos equipamentos, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que dois suspeitos foram presos no local.
Atualmente, a Terra Indígena Sararé é uma das regiões com maior número de alertas de exploração ilegal de solo no Brasil. De janeiro até o início de julho, o Ibama estima que a terra já perdeu uma área equivalente a 540 campos de futebol devido ao garimpo ilegal, agora suportado por milícias e pelo crime organizado. Por meio das operações de combate à atividade, mais de 200 máquinas escavadeiras de grande porte foram destruídas desde janeiro do ano passado. Dentre essas, 100 foram capturadas neste ano.
Frutos do combate ao garimpo ilegal
De acordo com dados obtidos pela Folha, as ações de combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Sararé resultaram também em destruição ou apreensão de diversos equipamentos pesados e veículos. Além das 16 escavadeiras da ação de setembro, as autoridades destruíram ou confiscaram, no total, 30 veículos, três caminhões, dois tratores de esteira, uma pá carregadeira e uma draga. Equipamentos menores, como bombas hidráulicas e geradores, também foram inutilizados em acampamentos. O total de prejuízos estimados para os garimpeiros é de aproximadamente R$ 300 milhões no período entre janeiro de 2023 e outubro de 2024.
Apesar das ações de repressão, o garimpo ilegal continua ativo, com presença significativa em áreas localizadas nos municípios de Pontes e Lacerda, Vila Bela da Santíssima Trindade e Comodoro, no estado de Mato Grosso. Estima-se que cerca de 2.000 garimpeiros ainda atuem de forma clandestina dentro do território demarcado, o que agrava o desafio de erradicar completamente essa atividade. Autoridades reforçam que milícias e membros do Comando Vermelho dividem o tráfico de drogas e o controle do ouro do garimpo ilegal na fronteira das terras com a Bolívia, o que dificulta ainda mais a repressão das atividades.
“A realidade mostra que não há pequeno garimpeiro. Estamos falando de exploração ilegal em grande escala. Isso dá uma ideia do quanto de ouro ilegal está saindo dali”, reforça o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Jair Schmitt.
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