A agência de classificação de risco Moody’s elevou a perspectiva de crédito do Brasil de estável para positiva, refletindo as avaliações internacionais de melhorias nas políticas econômicas e uma potencial recuperação do grau de investimento, enquanto o governo reafirma compromisso com a sustentabilidade fiscal e ambiental
Nesta quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda Fernando Haddad celebram a alteração da perspectiva de nota de crédito do Brasil pela Moody’s, que passou de estável para positiva. Lula destacou em uma rede social que com a atualização “o Brasil voltou a ser respeitado no mundo e voltou a ter credibilidade econômica e ambiental“. Haddad, por sua vez, reconheceu que essa mudança reflete perspectivas favoráveis para a economia brasileira.
O ministro da Fazenda ressaltou que a melhoria está ligada ao esforço conjunto dos Três Poderes — Executivo, Legislativo e Judiciário — que, de acordo com ele, priorizaram os interesses nacionais acima de quaisquer desavenças. Haddad comentou ainda: “A Moody’s acompanhou as outras agências de risco ao reconhecer a mudança para melhor das nossas perspectivas econômicas. Isso tem a ver com o trabalho conjunto dos Três Poderes, que colocaram os interesses do país acima de divergências superáveis. Mesmo com a deterioração momentânea da economia global, o Brasil caminha e recupera credibilidade econômica, social e ambiental. Temos muito a fazer”.
A agência Moody’s, mais cedo no mesmo dia, informou que, embora tenha mantido a nota de crédito do Brasil em Ba2, alterou sua perspectiva de estável para positiva. A nota Ba2 classifica o país dentro do “grau especulativo”, sugerindo um risco elevado para investimentos estrangeiros.
Ao projetar uma perspectiva positiva, a Moody’s indica a possibilidade de uma futura elevação na nota de crédito do Brasil. Em um encontro recente com o ministro da Fazenda, realizado no dia 23, representantes da agência não fizeram anúncios imediatos após a reunião.
Avaliação da Moody’s sobre o crescimento econômico
“A Moody’s avalia que as perspectivas para o crescimento real do produto interno bruto (PIB) do Brasil são mais robustas do que nos anos pré-pandêmicos, como consequência da implementação de reformas estruturais em vários governos, bem como pela presença de barreiras institucionais que reduzem a incerteza sobre a direção futura das políticas públicas”, detalha o comunicado da agência. O documento também menciona que um “crescimento mais forte” e uma “consolidação fiscal” podem ajudar a estabilizar a dívida pública, porém adverte que existem “riscos” que podem afetar essa melhoria contínua.
A confirmação da nota Ba2 pela Moody’s se baseia na ainda frágil saúde fiscal do Brasil, considerando o alto nível de endividamento do país e sua limitada capacidade de pagamento, que permanece vulnerável a possíveis choques econômicos ou financeiros. A agência destaca que a nota de crédito é um instrumento crucial utilizado por investidores para medir a segurança de investimentos em países ou empresas, onde notas inferiores representam riscos maiores e, consequentemente, exigem juros mais elevados.
Diversos fundos de investimento, especialmente europeus e norte-americanos, optam por alocar recursos apenas em títulos que alcançam o grau de investimento, as classificações mais elevadas. Portanto, uma boa classificação é fundamental para atrair esses investimentos internacionais.
Esforços para alcançar o grau de investimento
Atualmente, o Brasil se encontra “dois degraus” abaixo do grau de investimento na escala da Moody’s, situação que se repete nas avaliações da S&P e da Fitch. O país já alcançou o grau de investimento pela Moody’s entre 2009 e 2015, mantendo-se no nível Ba2 desde então. O Ministério da Fazenda reitera seu compromisso com uma gestão sustentável das contas públicas, focando tanto no aumento da arrecadação quanto na contenção de despesas.
“O melhor balanço fiscal do governo levará à redução das taxas de juros e à melhoria das condições de crédito. Desta forma, serão criadas as condições para a ampliação dos investimentos públicos e privados e a geração de empregos, aumento da renda e maior eficiência econômica, elementos essenciais para o desenvolvimento econômico e social do Brasil”, afirma a nota do ministério.
Contexto internacional
Além da Moody’s, outras duas grandes agências de classificação de risco, a S&P Global Ratings e a Fitch, também influenciam o status de investimento das economias mundiais. Essas agências têm apresentado avaliações semelhantes sobre o risco de investir no Brasil nos últimos anos. A S&P, por exemplo, elevou a nota do Brasil de BB- para BB em dezembro de 2023, mantendo o país a dois degraus do grau de investimento.
Com informações da Uol e do G1
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