Uma recente investigação da Repórter Brasil trouxe à tona que o governo federal subsidiou contratos de seguros rurais com grandes seguradoras multinacionais como Brasilseg, Allianz, TOKIO Marine, MAPFRE e Fairfax
Estes seguros cobriam lavouras em fazendas com áreas embargadas por desmatamento ilegal e até em Territórios Indígenas, apesar das proibições legais.
Em 2022, os seguros rurais no Brasil atingiram um valor recorde de R$ 12,6 bilhões, com um aumento de 40% em relação ao ano anterior, impulsionados pelos riscos crescentes de eventos climáticos adversos. Contudo, a análise de apólices contratadas via Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) evidenciou que parte desse montante financiou contratos para lavouras em locais proibidos, com parte dos fundos oriundos de dinheiro público.
Entre os casos destacados estão quatro fazendas, totalizando 1.968 hectares embargados, seguradas por filiais brasileiras de corporações estrangeiras. Há também registros de violações em Territórios Indígenas, como na TI Ivaí no Paraná, onde lavouras de não indígenas foram seguradas pela SOMPO e MAPFRE, desrespeitando a homologação da terra desde 1992.
Além disso, a investigação aponta para o subsídio de coberturas para fazendas acusadas de utilizar trabalho escravo, com produtores flagrados nessa condição e até listados na “lista suja” do trabalho escravo no Brasil. Seguradoras como Porto Seguro, Brasilseg e a Essor (grupo SCOR) foram mencionadas por garantirem apólices nesses contextos, contrariando suas próprias políticas corporativas contra a exploração de mão de obra.
Coordenadas geográficas de lavouras seguradas coincidem com perímetros de áreas embargadas, onde qualquer plantio é proibido (Foto: Pedro Biondi/Repórter Brasil)
Em resposta às descobertas, o Ministério da Agricultura anunciou planos para introduzir mecanismos de monitoramento da legalidade ambiental dos plantios segurados e um sistema de verificação de produtores subvencionados em relação à “lista suja” do trabalho escravo. Estas medidas visam prevenir futuras irregularidades e garantir a conformidade legal e ética dos seguros rurais subsidiados pelo governo.
*Com informações CLIMA INFO
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