Garimpeiros disputam eleições na Amazônia em 2024 em busca de legitimidade política e influência em Brasília
As eleições municipais de 2024 na Amazônia consolidaram uma tendência crescente: a presença significativa de garimpeiros entre os candidatos a cargos de vereador e prefeito. Esse movimento, que já vinha se desenhando nas últimas disputas locais, reflete a busca dos garimpeiros por legitimidade política e maior influência nas articulações pró-garimpo em Brasília.
Garimpeiros nas urnas
Um levantamento publicado pelo portal Metrópoles identificou ao menos 58 candidatos que se declaram abertamente garimpeiros, com a maioria deles concentrados em municípios da Amazônia Legal. Essa presença expressiva é mais notável em cidades onde a atividade garimpeira ilegal é predominante, como em Jacareacanga (PA) e Curionópolis (PA). Em Jacareacanga, por exemplo, há uma chapa de candidatos a prefeito e vice-prefeito composta por garimpeiros, além de cinco candidatos à Câmara Municipal. Em Curionópolis, um garimpeiro disputa a prefeitura e outro concorre a uma vaga de vereador.
O estado do Pará destaca-se como o principal foco das candidaturas de garimpeiros. De acordo com especialistas, isso se deve ao fato de que, diferentemente de outros estados, no Pará, o licenciamento ambiental para concessão de lavras garimpeiras é de responsabilidade das prefeituras locais.
“São as secretarias municipais de meio ambiente dos municípios com lavras garimpeiras que emitem a concessão do licenciamento, que abrange o planejamento, a instalação e a operação do garimpo”, explica um relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em março deste ano.
Agronegócio e conexões com atos antidemocráticos
Além dos garimpeiros, setores mais conservadores do agronegócio também estão fortemente representados na disputa eleitoral de 2024 na Amazônia. A Repórter Brasil identificou casos de candidatos a prefeito e vereador no Pará que estão sendo investigados por possíveis conexões com a tentativa de golpe de estado de 08 de janeiro de 2021, que resultou na depredação de prédios dos três poderes em Brasília.
Ainda sobre as eleições, a Agência Pública estimou o patrimônio das lideranças evangélicas que se candidataram em 2024. Somados, os mais de 7 mil candidatos declaram um patrimônio total de R$ 826 milhões, sendo que 98 deles possuem bens acima de R$ 1 milhão. Alguns desses candidatos estão envolvidos em processos judiciais relacionados a crimes ambientais e têm vínculos com o agronegócio.
Desafios e Implicações
A presença crescente de garimpeiros e outros setores ligados ao agronegócio nas eleições municipais da Amazônia levanta preocupações sobre o futuro das políticas ambientais na região. A legitimação política dessas atividades pode dificultar ainda mais os esforços de conservação ambiental e de combate ao garimpo ilegal. Ao mesmo tempo, as investigações sobre conexões com atos antidemocráticos e crimes ambientais adicionam uma camada de complexidade ao cenário político da Amazônia em 2024.
A disputa eleitoral deste ano não apenas redefine o equilíbrio de poder nos municípios da Amazônia Legal, mas também terá repercussões significativas nas políticas públicas relacionadas ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável em todo o país.
Comentários