Publicada no contexto da COP16, em Cali, a avaliação inédita evidencia a necessidade de ações efetivas para conservação de espécies de árvores
Um alerta lançado na COP16 nesta segunda-feira (28) aponta que 38% das árvores do mundo estão ameaçadas de extinção. O relatório, publicado pela UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) no contexto da conferência climática em Cali, foi a primeira Avaliação Mundial das Árvores já publicada. Ao menos 16.425 espécies, das 47.282 identificadas no trabalho, estão em risco de extinção.
Nesta segunda também foi atualizada com novos dados a lista vermelha da UICN, inventário global do estado de conservação de espécies vegetais e animais. Das 166.061 espécies analisadas, 46.337 estão ameaçadas de extinção, com 10.235 em estado crítico. Mais de 900 espécies já foram extintas. Na América do Sul – lar da maior diversidade de árvores do mundo – 3.356 das 13.668 espécies avaliadas possuem risco de se extinguirem.
“A perda de espécies de árvores é prejudicial não só para os ecossistemas, mas também para as espécies que utilizam as árvores como habitat, como mamíferos, aves, répteis, anfíbios, insetos, outras plantas e fungos”, explicou a especialista Emily Beech à Agence France-Presse (AFP).
Como ajudar as espécies de árvores em extinção
A maior proporção de árvores ameaçadas, segundo a UICN, é encontrada em ilhas. Elas enfrentam riscos particularmente altos devido ao desmatamento para o desenvolvimento urbano e a agricultura em todas as escalas, além da presença de espécies invasoras, pragas e doenças. As mudanças climáticas também ameaçam cada vez mais as árvores, especialmente nas regiões tropicais, por meio da elevação do nível do mar e do aumento de tempestades mais intensas e frequentes.
Enfrentar essas ameaças por meio da proteção e restauração de habitats, assim como da conservação ex situ [conservação dos componentes da diversidade biológica fora de seus habitats naturais], em bancos de sementes e coleções de jardins botânicos, é essencial para prevenir extinções em ilhas e em todo o mundo. A ação comunitária já gerou resultados positivos, desde as ilhas Juan Fernández até Cuba, e de Madagascar a Fiji.
Na América do Sul, são necessárias abordagens inovadoras para proteger o alto número de espécies de árvores na região, onde o desmatamento para cultivo agrícola e criação de gado representa as maiores ameaças.