O Brasil enfrenta uma realidade dura em termos de prevenção a desastres climáticos, marcada por um estrangulamento orçamentário e execução insuficiente de recursos.
O ditado “o barato sai caro” nunca foi tão pertinente, especialmente após as recentes chuvas devastadoras no Sul do país que expuseram a lenta adaptação das cidades às mudanças climáticas e resultaram em prejuízos econômicos bilionários.
Um levantamento da Contas Abertas, destacado pelo portal G1, revelou que até o início de maio de 2024, apenas 20% do orçamento federal destinado à prevenção e combate a desastres naturais, que somava R$ 2,6 bilhões, havia sido efetivamente utilizado. Este padrão de baixa execução não é novo; entre 2010 e 2024, somente 65% dos R$ 70 bilhões alocados para enfrentar eventos climáticos foram gastos pelo governo.
![](https://brasilamazoniaagora.com.br/wp-content/uploads/2024/05/sobrevoo_-_pilar_06.jpg-1053x630.webp)
O Congresso Nacional também mostra uma negligência alarmante com apenas 0,13% dos R$ 44,7 bilhões reservados para emendas parlamentares em 2024 sendo direcionados para ações de prevenção de desastres climáticos, segundo dados também fornecidos pela Contas Abertas e reportados pelo jornal Valor.
![Brasil](https://brasilamazoniaagora.com.br/wp-content/uploads/2024/05/AgenciaBrasil-1053x630.jpeg)
A situação é agravada pela inação do governo do Rio Grande do Sul. Conforme apontado pela Agência Pública, estudos técnicos como o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), que levou mais de quatro anos para ser concluído e que poderia ter mitigado os impactos das chuvas, nunca foram implementados.
Os efeitos dessa negligência não se limitam aos danos imediatos. O jornal Valor Econômico reportou que projeções indicam uma queda de 0,2% a 0,3% no crescimento do PIB brasileiro em 2024, especialmente devido aos impactos no agronegócio gaúcho. O secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, em entrevista ao O Globo, reconheceu que a crise no Rio Grande do Sul terá repercussões na economia nacional, incluindo elevação nos preços dos alimentos, como consequência da destruição das lavouras de soja.
![](https://brasilamazoniaagora.com.br/wp-content/uploads/2024/05/Captura-de-tela-2024-05-07-080553.png-1-1052x630.webp)
Natalie Unterstell, do Instituto Talanoa, enfatiza a importância da ação precoce: “O custo da inação é sempre maior [que o da ação climática]. Investindo em medidas, principalmente as mais precoces, você pode até pagar caro em algumas situações e pode ser que nem precise usar essas medidas depois, mas, se o evento extremo vier, não vão ser gastos bilhões reagindo ao desastre – isso sem contar as perdas não econômicas”.
Este cenário sublinha a urgência de um comprometimento maior com políticas de prevenção e planejamento efetivo contra desastres naturais, para não só mitigar danos futuros mas também proteger a economia e o bem-estar da população.
Comentários