Empresa recebeu em abril a licença para iniciar instalações da mina para extração de potássio, que prevê produzir R$2,2 milhões de toneladas do insumo ao ano a partir de 2028, em projeto de mais de R$13 bilhões
Com o objetivo de contemplar uma parcela do volume de potássio importado no país, o grupo canadense Brazil Potash planeja começar, até meados de 2025, a instalação de uma mina de extração e beneficiamento de potássio no município de Autazes, no Amazonas, localizado a 113 km de Manaus. As reservas minerais encontram-se próximas do rio Madeira, que servirá como rota de escoamento para o Centro-Oeste, principal mercado brasileiro de consumo de fertilizantes.
Estima-se que cerca de 80% dos fertilizantes consumidos pela agricultura brasileira são de origem estrangeira. A participação de insumos mais evidente ocorre com o potássio, um dos três elementos para se obter o NPK – uma mistura de nitrogênio, fósforo e potássio, principais nutrientes para o crescimento e desenvolvimento das plantas -, que resulta no adubo. Segundo dados do governo e de associações do setor agrícola, do volume total consumido de potássio no país, 95% é trazido do exterior, de países como Canadá, Rússia, Bielorrússia, Alemanha e Israel.
Extração de potássio deve iniciar em breve
A previsão da Brazil Potash é iniciar a produção em 2028, ou início de 2029. O investimento previsto pela canadense é de US$ 2,5 bilhões (equivalente a R$ 13,7 bilhões) e o projeto prevê uma capacidade anual de produção de R$2,2 milhões de toneladas de cloreto de potássio. A mina será subterrânea, construída com cerca de 800 metros de profundidade do solo, e possui vida útil estimada em 23 anos.
A empresa obteve em abril a licença de instalação do empreendimento pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), órgão do governo estadual.
Antes disso, o projeto recebeu questionamentos do Ministério Público Federal do Amazonas (MPF-AM), que barrou a exploração da mina durante vários anos. Foram apontados potenciais impactos ao meio ambiente e às comunidades indígenas situadas nas proximidades, principalmente o povo Mura. Adriano Espeschit, CEO da Brasil Potássio, diz que plano de licenciamento prevê 333 condicionantes a serem cumpridas e afirma que essas pendências foram resolvidas. Ele acrescenta que acordos foram firmados com representantes dos Mura, que aprovaram a instalação da mina em assembleia no ano passado.
Em entrevista ao Estadão, Juliano Valente, presidente do Ipaam, disse que cabe à Brazil Potash cumprir todas as condicionantes durante a implantação do projeto para, então, poder receber a licença de operação. Segundo ele, o órgão ambiental fará o monitoramento ao longo desse período.
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