O Pantanal, uma das maiores extensões úmidas do planeta, está sob a ameaça de enfrentar um dos anos mais secos de sua história, conforme alerta emitido pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). Observações recentes indicam que o acumulado de chuvas está significativamente abaixo do esperado para a estação chuvosa, com o Rio Paraguai registrando apenas 1,23 metros neste domingo na altura de Ladário, situada a 426 km da capital.
O nível do Rio Paraguai tem permanecido consistentemente baixo desde o início do ano. Em fevereiro, por exemplo, a estação de Porto Murtinho reportou um nível de apenas 1,67 metros, muito inferior à média sazonal de 3,3 metros. Essa tendência preocupante se reflete em dados comparativos, onde o nível observado no início de abril em Ladário era de 98 cm, quase um terço do registrado no mesmo período do ano passado.
Sérgio Barreto, biólogo do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), relaciona a situação atual diretamente com a redução nas precipitações na região do planalto da Bacia do Alto Paraguai e no próprio Pantanal. “O Pantanal normalmente recebe chuvas de outubro a fevereiro, com uma média de 740 milímetros. Este ano, contudo, registramos apenas 457 milímetros nos três primeiros meses”, explica.
Além da baixa precipitação, os rios que alimentam o Pantanal enfrentam sérios problemas ambientais. “Os principais rios, localizados nas áreas de planalto, sofrem com desmatamento, processos erosivos e assoreamento, exacerbando a escassez hídrica”, destaca Barreto.
A perspectiva de uma seca severa aumenta também a preocupação com incêndios, particularmente na região da Serra do Amolar. “Estamos em alerta máximo, com equipes de prevenção prontas para agir diante do risco crescente de incêndios”, informa o biólogo do IHP.
Marcus Suassuna, pesquisador em geociências do SGB, não descarta a possibilidade de um cenário mais grave, comparável às secas extremas de anos anteriores como 2020, 2021, 1971 e 1964. “A continuidade das chuvas abaixo da média pode levar a uma situação ainda mais crítica”, adverte.
Contudo, Sérgio Barreto oferece uma visão cautelosamente otimista, citando chuvas pontuais que têm ocorrido nas últimas semanas. “Apesar do ciclo de grandes chuvas ter passado, ainda estamos recebendo precipitações significativas. As chuvas estão esporádicas, mas já observamos uma melhora substancial”, conclui, ressaltando as dificuldades em fazer previsões precisas devido às mudanças climáticas que alteram o padrão hídrico da região.
O cenário atual no Pantanal reforça a necessidade de monitoramento contínuo e preparação para condições extremas, elementos essenciais para a conservação deste ecossistema vital e a proteção das comunidades locais.
*Com informações Campo Grande News
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