Em meio às preocupações crescentes sobre a contaminação da água por pesticidas amplamente utilizados nos campos agrícolas, uma inovação chega ao mercado com uso do repolho roxo, prometendo facilitar a identificação de águas poluídas. Desenvolvida por Melissa Ortiz, ex-professora de ensino médio e atual estudante de design industrial no California College of the Arts (EUA), a ferramenta, chamada “Colores del Río”, usa resíduos de repolho roxo para detectar a presença de substâncias tóxicas na água.
Pesticidas pulverizados em campos agrícolas não se limitam às áreas onde são aplicados. Frequentemente, essas substâncias químicas se infiltram no solo, contaminam os lençóis freáticos e se espalham para regiões adjacentes, afetando adversamente bacias hidrográficas e potencialmente prejudicando os ecossistemas aquáticos e a saúde humana.
Colores del Río: A solução vinda do repolho roxo
A solução inovadora de Ortiz é tanto simples quanto genial. A ferramenta é feita a partir de resíduos de repolho roxo obtidos de uma comunidade agrícola local. Ao entrar em contato com a água, o dispositivo muda de cor. Se a água for ácida, o dispositivo adquire um tom vermelho-rosado. Por outro lado, se a água for alcalina, ela se torna amarelo-verde. Essas mudanças de cores permitem que os usuários determinem rapidamente o pH da água, um indicador essencial da presença de substâncias contaminantes.
A eficácia do “Colores del Río” não passou despercebida. Recentemente, a ferramenta foi homenageada com o prêmio de “crítica social excepcional” no Biodesign Challenge 2023, solidificando sua posição como uma solução viável para enfrentar um problema ambiental crescente.
Por que repolho roxo?
A escolha do repolho roxo como material principal para o dispositivo pode, à primeira vista, surpreender muitos. Mas Melissa Ortiz, a mente criativa por trás do projeto, explica que o repolho tem propriedades químicas naturais que permitem mudanças de cor em resposta ao pH da água. Isso significa que quando o repolho entra em contato com água ácida, ele se torna vermelho-rosado, e quando em contato com água alcalina, assume um tom amarelo-verde.
O processo de criação
Transformar repolho roxo em um detector de contaminação da água não é uma tarefa fácil. Ortiz descreve um processo meticuloso, começando por ferver o repolho para extrair suas propriedades químicas. Após essa etapa, o repolho é desidratado e moído até se transformar em um pó fino. Este pó é então misturado com goma xantana, que atua como um agente de ligação, formando uma massa moldável. Por fim, a mistura é prensada em um molde de silicone, resultando em um objeto que simboliza o padrão do rio Salinas.
Um protótipo com grande potencial
Apesar de ainda estar em sua fase protótipo, as ambições de Ortiz para o “Colores del Río” são altas. Ela planeja colaborar com a Xinampa, uma organização sem fins lucrativos especializada em inovação em biologia e biotecnologia, para levar o projeto adiante.
Ortiz vê o dispositivo não apenas como uma ferramenta técnica, mas também como um meio de engajamento comunitário. Ela imagina amadores e estudantes utilizando o Colores del Río para monitorar e compreender a qualidade da água em suas localidades.
“Eu acredito firmemente no poder do engajamento precoce”, afirma Ortiz. “Incentivar estudantes do ensino médio a explorar e se envolver com tópicos ambientais críticos os prepara para causar um impacto real no futuro”.
Em um mundo onde a contaminação da água está se tornando uma preocupação premente, inovações como o “Colores del Río” são um sinal promissor de que soluções sustentáveis e baseadas na natureza podem desempenhar um papel crucial na proteção dos nossos recursos hídricos. O trabalho de Ortiz não é apenas uma conquista técnica, mas também um lembrete do poder da inovação centrada no ser humano para enfrentar desafios globais.
*Com informações OLHAR DIGITAL
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