Há um interesse frequente na exploração de recursos naturais, mas tipicamente sem os devidos cuidados com o meio ambiente ou com as pessoas.
Por Augusto Cesar Barreto Rocha
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É demasiadamente complexo e desafiante decidir o que fazer na Amazônia. Há um interesse frequente na exploração de recursos naturais, mas tipicamente sem os devidos cuidados com o meio ambiente ou com as pessoas.
Simultaneamente ao contexto, há um ignorar da história, tanto quando diz respeito aos indígenas, tanto quando se refere às indústrias da Zona Franca de Manaus ou aos conhecimentos locais formais, presente nas universidades e institutos de pesquisas regionais. A prática é simplesmente ignorar a todos e a tudo que seja local.
É como se não houvesse história. É quase como se fôssemos inexistentes. Como se a região que possui milhões de habitantes fosse completamente desabitada.
Esta forma de mencionar as questões da Amazônia por quem vive em outras regiões do mundo ou do país se torna crescentemente inaceitável, pois atualmente existem muitas maneiras de superar esta ignorância, desde que exista um mínimo respeito, que frequentemente não há. Deste contexto surgem vários dos problemas de entendimento sobre o que fazer na região.
De outra parte, há um grupo expressivo de pessoas “locais”, completamente desrespeitosas pela região onde vivem, que absorvem uma característica exploradora, ignorando as civilizações presentes – talvez pela impossibilidade de ser reconhecido localmente, talvez por sua associação com grupos exploradores de fora. São espécies de feitores, que cuidam dos interesses do império, sempre vigilantes para atender ao que vem de fora.
É importante termos estas questões sempre presentes quando se avizinham debates sobre o futuro da Amazônia, para termos alguns “pré-conceitos” em vista, antes das conversas, tentando romper mutuamente tais condições que atrapalham o progresso da Amazônia e, por consequência, do Brasil. Estamos em uma armadilha de destruição expressiva e desnecessária. Há simultaneamente grande desigualdade social e incontáveis oportunidades. É necessário compreender como as ocasiões de mudança são perdidas por uma estrutura que costuma repetir os erros do passado.
Para sair desta condição precisaremos começar a respeitar os interesses de cada localidade da região, bem como reconhecer e agir como uma república. A troca de postura é uma necessidade que precisará remover os hábitos que estão profundamente arraigados dos vários lados do debate.
A transcendência será positiva para o mundo; ficar travado repetindo os hábitos que sabotam vínculos sociais, levará ao mesmo resultado que temos obtido: um enorme rastro de pobreza e destruição, com alguns poucos beneficiados – tipicamente em outros países.
Augusto Rocha é Professor Associado da UFAM, com docência na graduação, Mestrado e Doutorado e é Coordenador da Comissão CIEAM de Logística e Sustentabilidade
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