Com o menor número desde 2018, a Amazônia apresenta queda significativa no desmatamento e focos de calor em 2023, mas especialistas alertam para a necessidade de manter a vigilância e comentam que mudança da postura das políticas públicas foi fator de destaque
Após uma diminuição de 63% no desmatamento da Amazônia – nos sete primeiros meses em comparação ao ano passado – a floresta continua a ser consumida pelo fogo, porém com uma intensidade menor do que nos anos anteriores. De acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em agosto de 2023, a Amazônia teve 17.373 focos de calor, uma queda de 47,5% em relação ao ano anterior, que teve 33.116 focos.
Este número é o mais baixo para agosto desde 2018 e representa o terceiro menor registro da última década.
Estados em destaque sobre queimadas na Amazônia
Os estados com mais registros de queimadas em agosto foram Pará, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia e Acre.
A Relação entre Desmatamento e Queimadas
Rômulo Batista, representante do Greenpeace Brasil, destaca que a diminuição do desmatamento na Amazônia está diretamente ligada à redução dos focos de calor. Isso ocorre porque as queimadas frequentemente seguem o desmatamento para “limpar” o terreno para pastagens e cultivos. “A abordagem do governo atual, contrastando com a postura do governo Bolsonaro e sua agenda contra o meio ambiente, fortaleceu as medidas de fiscalização, com aumento de penalidades e embargos para os desmatadores, seja presencialmente ou à distância, além de uma mudança de retórica na área ambiental”, ele comenta.
Ane Alencar, diretora de ciência do Ipam, reitera a conexão entre queimadas e desmatamento. “Diminuir o desmatamento é sinônimo de reduzir as queimadas. Assim, mesmo com condições favoráveis para incêndios florestais, se não houver quem inicie o fogo, não teremos incêndios”, ela destaca.
Referindo-se às condições favoráveis, Ane menciona a atual situação climática: uma estação mais árida e um El Niño intensificado.
“Não podemos nos acomodar. O verão na Amazônia permanece muito quente e seco, e o El Niño tende a reduzir as chuvas a partir de outubro. É essencial que as medidas de fiscalização persistam e que os governadores do Consórcio da Amazônia Legal priorizem o objetivo de desmatamento zero até 2030”, enfatiza Batista.
Clima e consequências
Conforme a Organização Meteorológica Mundial, 2023 viu o maior aumento registrado da temperatura média global (17,01°C). Especificamente, agosto foi um dos meses mais quentes em mais de 60 anos, conforme estimativas iniciais da Climatempo.
“No Brasil, o desmatamento e as queimadas são os principais emissores de gases de efeito estufa. Diante dos eventos climáticos extremos que afetam milhares globalmente e no Brasil, é crucial prevenir o contínuo desmatamento e queimadas na Amazônia”, reitera o Greenpeace.
A organização ambiental conclui que o Brasil “precisa migrar de um modelo econômico que destrói recursos naturais para um que valorize a floresta intacta, os direitos e sabedorias dos povos indígenas e comunidades tradicionais, e que promova a justiça social”.
Com infomações do G1 e CicloVivo
Comentários