Andrea Faldella, co-fundador da Ogyre, explica que o valor investido pela empresa para a coleta de lixo é equivalente à remuneração que os pescadores recebem nos bons dias de pesca.
Pescadores estão ajudando a despoluir a Baía de Guanabara, um dos cartões postais do Rio de Janeiro, com um projeto inusitado, mas eficiente. Ao invés de peixes, os pescadores trabalham para “pescar” resíduos do mar e dos manguezais, encaminhando este material para a reciclagem ou para o descarte adequado.
A iniciativa entra agora em sua terceira fase e vai ampliar o número de pessoas envolvidas, com a adição de um terceiro time de 10 novos pescadores e um coordenador da colônia do Fundão. Nos próximos 12 meses, a meta do projeto é coletar ao menos 150 toneladas de lixo dos arredores da Ilha do Governador.
“Vimos em primeira mão que, mesmo sem medidas para conter a enxurrada de resíduos que entra na baía, é possível remover resíduos e promover a recuperação ecológica dos manguezais. Este impacto ambiental, aliado ao benefício socioeconômico para comunidades de pesca tradicionais, é muito promissor”, explica Pedro Succar Especialista em Economia Circular da BVRio, que gerencia o projeto desde 2021.
O projeto “Pesca de resíduos”, executado pela BVRio em parceria com a empresa social italiana Ogyre, conta com 33 pescadores que se dedicam dois dias por semana à limpeza da Baía de Guanabara e complementam sua renda com este trabalho, já que enfrentam uma escassez de peixes.
“Eu pesco há trinta anos na Baía de Guanabara, por isso espero que o projeto dê certo. A gente está com um pessoal empenhado, querendo fazer a limpeza da Baía para melhorar a poluição”, conta Sebastião Nunes de Oliveira, mais conhecido como Foca.
A BVRio facilita o monitoramento do trabalho de coleta por meio do aplicativo KOLEKT, desenvolvido com a Circular Action. O app registra as quantidades de material coletada pelos pescadores num formato eficiente para verificar e certificar a recuperação e a reciclagem dos resíduos, conforme normas reconhecidas.
“Concluímos com sucesso duas fases do projeto, tendo coletado mais resíduos do que o esperado. Ficamos satisfeitos em ver agora o projeto sendo ampliado. Hoje, o projeto ajuda a despoluir os ecossistemas da Baía de Guanabara, mas esse modelo tem potencial de beneficiar toda a costa brasileira”, disse Pedro.
Os pescadores encontram no mar praticamente de tudo, desde colchões até televisores abandonados. Andrea Faldella, co-fundador da Ogyre, explica que o valor investido pela empresa para a coleta de lixo é equivalente à remuneração que os pescadores recebem nos bons dias de pesca. “Essa atividade se torna, em muitos casos, fonte de renda efetiva combinada à pesca habitual. E temos pescadores que, em certos dias da semana, só saem para coletar resíduos marinhos”, explica o executivo.
Fonte: CicloVivo
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