Um novo censo revela o aumento da população do mico-leão-dourado, mas desmatamento e tráfico de animais ainda são grandes desafios para a preservação da espécie.
A população de mico-leão-dourado, uma espécie emblemática da Mata Atlântica, viu seu número saltar de 3.700 em 2013 para cerca de 4.800 este ano, um crescimento impressionante de 29,7%. “O resultado veio com esforços de conservação e reforça a esperança quanto ao futuro de uma espécie tão simbólica”, comemora Luís Ferraz, secretário-executivo da Associação Mico Leão Dourado (AMLD).
A contagem, realizada por James Dietz, responsável pelo censo e conselheiro da AMLD, aponta que “70% do aumento no número de micos se deve à colonização de quatro grandes áreas que não tinham ou tinham poucos animais em 2014”.
As maiores populações da espécie estão localizadas nas matas de baixada nas bacias dos rios São João e Macaé, no estado do Rio de Janeiro. A contagem, que foi tanto visual quanto sonora, exigiu nove meses de trabalho de campo.
Ameaças à sobrevivência da espécie
No entanto, a boa notícia do aumento da população vem em meio a preocupações contínuas sobre o futuro da espécie. O desmatamento e a fragmentação florestal, bem como o tráfico ilegal, continuam a ser grandes desafios para a conservação do mico-leão-dourado.
O estado do Rio de Janeiro, lar da maior parte da população de micos-leões-dourados, é um dos oito estados que mais perderam vegetação nativa entre outubro de 2021 e outubro de 2022, de acordo com uma análise da Fundação SOS Mata Atlântica.
Além disso, a febre amarela, que reduziu a população de micos-leões-dourados para 2.500 animais entre 2014 e 2018, ainda é uma grande ameaça. “Alguns animais foram mortos por pessoas, mas a grande maioria faleceu por efeitos diretos da doença”, conta Ferraz.
Ação para a preservação da espécie
Diante desses desafios, a AMLD e outras organizações estão tomando medidas para proteger e aumentar a população do mico-leão-dourado. A recuperação e conexão dos fragmentos da Mata Atlântica, a vacinação dos micos contra a febre amarela e ações contra o tráfico de animais são algumas das estratégias em andamento.
“Já temos mais de 2 mil micos somados, mas eles vivem em fragmentos de floresta inferiores ao que precisamos. Conectar e restaurar as florestas é nosso maior desafio no longo prazo”, reconhece Ferraz.
O retorno do tráfico
Ainda assim, uma antiga ameaça volta a assombrar os micos-leões-dourados: o tráfico de animais. Nos últimos meses, órgãos ambientais e ONGs identificaram pelo menos seis pontos com armadilhas para a espécie.
“A volta do tráfico preocupa muito e pode estar ligada à cultura de caça e de desprezo pela conservação promovida no último governo. Não podemos baixar a guarda”, adverte Luís Ferraz.
A população do mico-leão-dourado tem enfrentado uma longa batalha pela sobrevivência, mas a recuperação recente da população indica que os esforços de conservação estão dando frutos. No entanto, as ameaças contínuas destacam a necessidade de ações contínuas para garantir a sobrevivência desta espécie icônica.
Com informações d’O Eco
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