Advogada e funcionários públicos estão entre suspeitos na megaoperação da Polícia Federal contra desmatamento na Amazônia
A Polícia Federal (PF) iniciou nesta quarta-feira (6) uma operação direcionada a um grupo suspeito de grilagem e desmatamento de aproximadamente 22 mil hectares de terras federais, área equivalente a mais de 20 mil campos de futebol, transformando-as em pastagens. A Justiça autorizou o bloqueio de R$ 116 milhões em bens pertencentes ao grupo.
De acordo com a PF, este grupo é responsável pelo mais extenso desmatamento já registrado na Amazônia. Foram expedidos e cumpridos 11 mandados de busca e apreensão nos estados do Pará e Mato Grosso, visando empresários, engenheiros e funcionários públicos. Estes indivíduos são acusados de colaborar com uma família de pecuaristas na destruição ilegal da floresta.
A operação resultou no sequestro de nove propriedades e na prisão de duas pessoas por posse ilegal de armas de fogo. Também houve apreensão de celulares relacionados aos investigados.
Fraude em cadastros ambientais
A Polícia Federal revelou que várias empresas, através de seus sócios e funcionários, teriam cometido fraudes em registros de áreas públicas federais, inserindo dados inverídicos em sistemas governamentais e forjando documentos. No entanto, os nomes dos suspeitos não foram divulgados.
A manipulação de informações em sistemas de órgãos ambientais é apontada como um dos principais métodos utilizados pelo grupo para evitar a fiscalização ambiental.
Envolvimento de advogada e acesso a informações ambientais
Uma advogada, parte do grupo investigado, é acusada de ter acesso não autorizado a dados sobre multas e embargos ambientais do Ibama. Os crimes investigados ocorreram entre 2021 e 2023.
“A advogada mencionada também é investigada por, supostamente, negociar o pagamento de propina a servidores públicos estaduais que teriam flagrado o desmatamento ilegal”, informou a PF.
A organização criminosa, segundo o delegado Manoel Gomes da Silva Neto da PF em Santarém (PA), construiu uma rede para apoiar grandes desmatadores, inclusive com a colaboração de funcionários públicos afastados de suas funções.
Esta ação faz parte da segunda fase da operação “Retomada”, executada nas cidades de Novo Progresso (PA), Sinop (MT), Santarém (PA) e Peixoto de Azevedo (MT). Na primeira fase, realizada nos dois primeiros municípios, a PF já havia cumprido três mandados de busca e apreensão, focados em 20 propriedades, incluindo 11 fazendas. As operações anteriores também resultaram no bloqueio de veículos e cerca de 10 mil cabeças de gado.
Com informações da Folha de São Paulo
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