O IBAMA já deu 23 licenças para a Petrobras neste ano, e negou apenas uma – a perfuração de um poço de petróleo na foz do Amazonas. Tecnicamente, o órgão ambiental apontou que os dados da petroleira não davam segurança para a operação em caso de vazamento de petróleo.
E ainda destacou que faltam estudos amplos sobre o impacto da atividade petroleira na região. Tais estudos levariam cerca de dois anos para ficarem prontos, segundo especialistas.
Mas, para o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, em seis meses ele vai dobrar politicamente o IBAMA e obter a licença para perfurar seu poço na foz. É o que diz a colunista Malu Gaspar, d’O Globo, noticiada pelo Cafezinho e Diário do Centro do Mundo. Segundo Gaspar, Prates garantiu a interlocutores no conselho de administração da petroleira que a perfuração vai acontecer.
Prates teria dito a colegas do conselho que a ideia é “responder tudo até deixar o IBAMA sem argumentos”. Porque “chega uma hora em que não tem como negar”. Ele só não disse que a revisão do órgão só é possível com os estudos solicitados, que levariam mais tempo do que ele aponta. Isso dá a entender que o executivo espera que a decisão técnica seja suplantada pela pressão política.
A política, aliás, comanda um show de desinformação no Amapá, estado onde está localizado o bloco FZA-M-59, onde a Petrobras quer perfurar. Com participação do senador Randolfe Rodrigues – que era da Rede Sustentabilidade, mas que jogou seu currículo ambiental fora em nome de outras ambições políticas –, deputados e senadores promoveram uma audiência pública monológica em Oiapoque, no norte do Amapá.
Nela, conta o Sumaúma, não apenas usaram argumentos rasos para defender o poço de petróleo na costa do estado, como lançaram Randolfe como “futuro ministro do Meio Ambiente”. O ódio à Marina Silva não é novidade, mas impressiona.
O discurso pró-petróleo dos políticos amapaenses tem eco (ou melhor, é criado) no mercado. À Bloomberg, o chefe de pesquisa upstream latino-americana da consultoria Wood Mackenzie, Marcelo de Assis, disse que “a Margem Equatorial se tornou muito importante depois das decepções na bacia de Santos. A Petrobras quase não tem ativos internacionais. Eles não têm outro lugar para ir”.
O analista só não menciona que, com o que já tem em carteira, a Petrobras tem 12,2 anos de produção garantida – a própria petroleira disse isso. Tempo suficiente para colocar em prática um bom plano de transição energética que deixe para trás de vez os combustíveis fósseis.
E é uma “bobagem” achar que o Brasil corre o risco de voltar a importar petróleo se não explorar a Margem Equatorial, da qual a foz do Amazonas é uma das bacias. Quem diz isso é o professor do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, Roberto Schaeffer, informam UOL e Valor.
“A produção é declinante ao mesmo tempo que a demanda é declinante. Então não é verdade que o Brasil terá déficit de petróleo e se tornará importador. Nos nossos estudos da Coppe, vemos que a produção ou expansão de petróleo não é para consumo doméstico, mas, sim, para exportação.”
Texto publicado em CLIMA INFO
Acreditar na transição energética é uma piada! Enquanto existir petróleo no mundo, este será explorado, não importando se fica na Amazônia ou não!
Fica uma pergunta para os ambientalistas: por que pode se explorar petróleo nas águas do Golfo do México; no Mar do Norte; no litoral do Rio de Janeiro; e na Amazônia não pode?… Esta exploração não causa danos ao meio ambiente?
A Guiana Inglesa abriu o seu litoral para a exploração de petróleo!