Em uma tentativa significativa de reaproximação, o presidente Lula se encontrou com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta segunda-feira (17/7), em meio à cúpula dos países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e da União Europeia (UE) em Bruxelas. A reunião sinalizou uma nova abordagem para relações internacionais brasileiras, com ênfase na política ambiental e nos compromissos climáticos.
“O Brasil vai cumprir com sua parte. É compromisso assumido, compromisso de fé. Queremos discutir com o mundo a preservação da floresta”, afirmou o presidente Lula, enfatizando o compromisso do Brasil com a agenda ambiental. “Nosso país ficou afastado e voltamos ao governo para recolocar o Brasil no centro das discussões”.
Durante o encontro, foi anunciado um investimento significativo de mais de 45 bilhões de euros (cerca de R$ 242 bilhões) na América Latina e no Caribe, parte do programa Global Gateway da UE, que busca impulsionar investimentos internacionais em projetos de infraestrutura, tecnologia e ação climática, visando fortalecer as cadeias de abastecimento da Europa.
No entanto, o tópico que gerou mais discussões foi o acordo Mercosul-UE, travado desde 2019. A presidente da Comissão Europeia enfatizou que a aprovação do acordo é uma prioridade para a UE. “A nossa ambição é resolver quaisquer diferenças que ainda existam o quanto antes possível para podermos concluir este acordo”, disse von der Leyen. Lula, por sua vez, expressou a intenção do Brasil de avançar com o acordo ainda em 2023, mas destacou o desconforto com as demandas ambientais da UE.
“Queremos discutir um acordo, mas não queremos imposição para cima de nós. É um acordo de companheiros, de parceiros estratégicos”, destacou o presidente Lula, abordando as preocupações em relação às demandas ambientais. A UE teria exigido o cumprimento dos compromissos climáticos do Acordo de Paris como condição para a aprovação do acordo com o Mercosul, uma proposta que irritou o Brasil e os demais países do bloco, uma vez que as metas de mitigação do Acordo de Paris são voluntárias.
Segundo Ivan Finotti, da Folha, a estratégia de Lula para a cúpula CELAC-UE em Bruxelas foi chamar o máximo de atenção possível para os aspectos de sustentabilidade da economia brasileira, como a matriz elétrica majoritariamente composta por fontes renováveis.
Com esse encontro na cúpula CELAC-UE, o Brasil busca não apenas retomar o diálogo com a UE, mas também afirmar seu compromisso com a agenda ambiental global. O resultado dessas discussões pode ter implicações significativas para o futuro das relações do Brasil com a UE e o progresso do acordo Mercosul-UE.
*Com informações CLIMA INFO
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