O relatório revela quadro alarmante de invasões em terras indígenas dos últimos quatro anos
De acordo com o relatório “Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil”, lançado em 26 de julho pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), houve um aumento alarmante de 252% nas invasões de terras indígenas durante os quatro anos do governo Bolsonaro, quando comparado ao quadriênio anterior (governos Dilma/Temer). Os dados, atualizados até 2022, fecham um balanço preocupante do último mandato presidencial.
Política anti-Indígena e seus efeitos
O relatório destaca a desestruturação de políticas públicas, incentivo à invasão de terras e ao garimpo ilegal, além do discurso de ódio contra indígenas como características marcantes da política anti-indígena do governo Bolsonaro. Essas ações tiveram consequências diretas nos índices de violência contra os povos indígenas, incluindo um aumento significativo no número de invasões e de assassinatos de indígenas.
“A desmontagem das políticas públicas e o incentivo à invasão de terras e ao garimpo ilegal, marcas da política anti-indígena do governo Bolsonaro, tiveram um impacto direto nos indicadores de violência contra os povos indígenas”, afirma o relatório. “Os assassinatos de indígenas atingiram níveis recordes, com um aumento de pelo menos 30,2%”.
Aumento da violência e desassistência à saúde
Os assassinatos de indígenas no ano passado chegaram a 180, o segundo maior número da série histórica do Cimi, só superado pelo próprio governo Bolsonaro em 2020, quando foram registrados 182 assassinatos. No total, entre 2019 e 2022, foram 651 indígenas assassinados, um aumento de 30,2% em relação ao período 2015-2018.
O relatório também registrou um aumento de 28% nos casos de suicídio e uma duplicação nos casos de desassistência à saúde em relação ao quadriênio anterior. Em 2022, foram 115 casos de suicídio entre indígenas e 87 de desassistência à saúde, totalizando 535 e 361 casos, respectivamente, nos últimos quatro anos.
A omissão do poder público
Os casos de omissão do poder público também são alarmantes. O relatório registrou um total de 361 casos de desassistência à saúde nos últimos quatro anos, o dobro do registrado nos quatro anos anteriores.
“Os povos indígenas passaram a ser vistos não como sujeitos de direito, como pessoas, mas sim como aqueles que poderiam ser eliminados. A desumanização fez parte desse roteiro, que iria terminar com o genocídio. Precisamos agora lutar para que isso nunca mais aconteça”, declarou Antonio Liebgott, organizador do relatório.
Diante desses números, o relatório conclama a sociedade brasileira a se organizar e agir para garantir que os direitos dos povos indígenas sejam respeitados no futuro, para que o roteiro do genocídio deixe de existir. O inimigo, ressalta o relatório, ainda não foi vencido, e o ódio, o racismo e a invasão dos territórios ainda persistem.
Leia o relatório na íntegra clicando aqui
Matéria feita com informações do Observatório do Clima
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