A volta da fiscalização ambiental do IBAMA parece que deixou alguns políticos insatisfeitos, especialmente aqueles ligados às atividades econômicas que vivem tropeçando quando o assunto é legalidade.
O incômodo é maior entre as “viúvas” do ex-presidente Jair Bolsonaro nos ruralistas, mas aliados políticos do atual governo também se movimentam para aliviar a barra do agronegócio.
De acordo com Rubens Valente, da Agência Pública, um grupo formado por 16 deputados federais, quatro senadores, dois deputados estaduais e prefeitos de estados amazônicos procuraram o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), João Paulo Capobianco, e o presidente do IBAMA, Rodrigo Agostino.
Na pauta, estavam as ações recentes do IBAMA que resultou na apreensão de milhares de cabeças de gado criadas em áreas com indícios de desmatamento ilegal e outros crimes ambientais.
Nas conversas, os políticos pró-agro pressionaram o governo federal por uma “dilação de prazo” para que os proprietários de áreas embargadas pelo IBAMA possam se regularizar sem o risco de perder seu gado. O grupo também defendeu interesses de madeireiras na Amazônia para permitir que empresas embargadas possam retomar suas atividades.
Ao melhor estilo bolsonarista, críticos da política ambiental do governo Lula estão promovendo fake news nas redes sociais para atacar o que eles colocam como abuso de poder do IBAMA e de outros órgãos ambientais contra produtores rurais. Por exemplo, uma das mentiras diz que o IBAMA teria bloqueado “95%” das madeireiras no Acre, quando na verdade foram 4%.
O número de gado apreendido também foi falsificado pelos mentirosos – “500 mil” cabeças de gado, quando o número verdadeiro gira em torno de 3 mil.
Ainda no assunto “lorotas políticas”, O Globo destacou o encampamento de propostas fracassadas da gestão Bolsonaro por parlamentares do partido do antigo presidente, o PL. Dos 352 projetos apresentados por correligionários do ex-mandatário na Câmara e no Senado, 66 resgatam promessas como a liberação do garimpo em Terras Indígenas. A proposta original foi recentemente retirada do Congresso pelo presidente Lula.
Em tempo: A JBS voltou aos holofotes por conta da falta de controle ambiental sobre sua cadeia de fornecimento de gado. A Folha divulgou um levantamento inédito que identificou 68 casos de desmatamento em fazendas com indícios de ligação direta, indireta ou potencial com a empresa na Amazônia e no Cerrado, entre 2019 e 2022. Os casos somam pouco mais de 125 mil hectares de áreas desmatadas, dos quais 73,7 mil seriam em Áreas Protegidas, como reservas legais e áreas de proteção permanente (APP).
Texto publicado em CLIMA INFO
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