Mesmo com a presença do poder público na Terra Yanomami, em Roraima, as comunidades indígenas permanecem preocupadas com a ameaça persistente do garimpo ilegal em seu território. Segundo relatos de representantes Yanomami e Ye’kwana, divulgados em um relatório na quarta-feira (02/8), a situação permanece instável, apesar dos esforços do governo para resolver a crise humanitária e de segurança na reserva.
“Nós ainda estamos sofrendo”: um olhar sobre a situação após seis meses
O relatório, intitulado “Nós ainda estamos sofrendo”, ilustra a situação predominante na Terra Yanomami após seis meses de ações governamentais. Enquanto reconhece “importantes avanços” – principalmente no atendimento às necessidades de alimentação e saúde das comunidades indígenas e na expulsão da maior parte dos aproximadamente 20 mil garimpeiros ilegais que operavam na área – o documento também alerta para a persistente sensação de insegurança. A presença residual de garimpeiros e os incidentes de violência contra indígenas continuam sendo uma realidade preocupante.
O relatório apresenta uma crítica incisiva à estratégia do governo para remover os garimpeiros, focando na restrição do espaço aéreo sobre a Terra Yanomami. As autoridades do Ministério da Defesa e da Aeronáutica tiveram uma abordagem inconstante para implementar uma restrição total, que só foi efetivamente aplicada no final de abril. Durante este período, os garimpeiros exploraram a situação para manter suas operações ilegais, incluindo a exploração sexual de menores.
O plano do governo: Medida Provisória e reforço das ações
Em resposta à situação, o Palácio do Planalto promulgou uma nova Medida Provisória (MP) para liberar um crédito extraordinário de R$ 140,2 milhões para o Ministério da Defesa.
O objetivo é fortalecer as ações emergenciais nas Terras Indígenas. Além disso, desde o mês passado, o governo federal mudou o papel dos militares na luta contra o garimpo e outras atividades ilegais nos territórios indígenas: ao invés de fornecer apenas apoio logístico a outros órgãos federais, as forças armadas passaram a atuar diretamente em operações de fiscalização.
Enquanto a situação na Terra Yanomami continua sendo de grande preocupação, o relatório e as ações recentes do governo representam passos significativos na direção certa. A resolução da crise humanitária e de segurança neste território é essencial para proteger os direitos e a cultura dos indígenas Yanomami e Ye’kwana, bem como para preservar a ecologia única e vital da Amazônia.
A luta contra o garimpo ilegal é, sem dúvida, uma questão de importância nacional e global.
*Com informações CLIMA INFO
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