O Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES, vai liberar fundos para combater o desmatamento, com a Polícia Federal planejando reforçar a segurança na região e um centro internacional em Manaus para combater crimes ambientais.
O BNDES, responsável pela gestão do Fundo Amazônia, está prestes a disponibilizar uma quantia inicial de R$ 318 milhões para proteger a floresta amazônica do desmatamento. Esta informação foi compartilhada por Humberto Freire, diretor da Amazônia e Meio Ambiente da Polícia Federal, em uma entrevista à Reuters.
De acordo com Freire, este financiamento será essencial para uma série de estratégias. Estas incluem estabelecer bases operacionais para combater infrações ambientais, reforçar a presença da Aeronáutica com bases de helicópteros e aluguel destes veículos, e incrementar o número de viaturas policiais.
Freire revelou que o Fundo Amazônia planeja alocar um total de R$ 1,2 bilhão nos anos seguintes para salvaguardar a região, além de uma adição de R$ 800 bilhões em recursos federais. Até o momento, o BNDES não se pronunciou sobre o assunto após um pedido de comentário feito pela Reuters.
Compromisso internacional e COP28
Humberto Freire defende uma maior contribuição financeira internacional para combater a criminalidade na Amazônia. Ele fará parte da delegação brasileira na COP28, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que ocorrerá em Dubai, Emirados Árabes Unidos.
No evento, marcado para 1º de dezembro, o delegado integrará um painel sobre cooperação internacional e uso de recursos no combate ao crime na Amazônia. Ele também terá compromissos bilaterais.
Em conversa com a Reuters, Freire adiantou que irá pleitear dois focos principais: o reforço da cooperação internacional para enfrentar crimes na Amazônia e um aumento no investimento estrangeiro para a segurança da região. “Sem estarmos todos no mesmo propósito, integrados, compartilhando informações e inteligência e atuando na mesma direção de fortalecimento no combate aos crimes ambientais, a gente não avança”, enfatizou.
O delegado Humberto Freire destaca a necessidade de aumentar significativamente os investimentos na luta contra o crime organizado. Ele observa que, embora as conferências internacionais sejam repletas de boas intenções e acordos, frequentemente falta a execução prática desses compromissos.
Investimento em recursos e equipamentos
Freire enfatiza a importância de disponibilizar fundos para que os países da região amazônica possam combater eficazmente o crime organizado, incluindo a aquisição de novos equipamentos para as forças policiais especializadas em crimes ambientais.
Ele acrescenta que os países destinatários de produtos extraídos ilegalmente da Amazônia, como ouro e madeira, também devem participar ativamente no combate a esses crimes.
Esforços do governo Lula
Sob a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil retomou esforços diplomáticos para reativar o Fundo Amazônia, que havia sido congelado durante a gestão de Jair Bolsonaro. Esse fundo é alimentado por contribuições internacionais.
Dados governamentais indicam uma diminuição significativa no desmatamento na Amazônia, com uma redução de 56,13% entre janeiro e setembro. Ainda nesse período, houve uma queda de 53,87% nos alertas de atividades ilegais de garimpo.
Apesar da recente liberação de recursos do Fundo Amazônia, Freire espera um aumento no financiamento, impulsionado pelos resultados positivos na redução do desmatamento. Ele acredita na criação de um ciclo virtuoso: mais investimentos levando a mais ações e, consequentemente, a menos desmatamento.
A Polícia Federal planeja inaugurar um Centro de Cooperação da Polícia Internacional em Manaus, financiado pelo Brasil e parcialmente pelo Fundo Amazônia. Esta unidade reunirá forças policiais dos oito países amazônicos e também poderá incluir agentes dos Estados Unidos e da Europa. O objetivo é combater os crimes ambientais e o narcotráfico na região, com previsão de inauguração até o início do próximo ano.
Com informações da Reuters
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