Foz do Amazonas – Provável anfitrião da Conferência da ONU sobre o Clima de 2025 (COP30), o governador do Pará, Helder Barbalho, resolveu meter o bedelho no controverso projeto de exploração de petróleo na foz do rio Amazonas.
O político defendeu nesta 2ª feira (15/5) que a Petrobras faça novos estudos ambientais na área e que, se houver “compatibilização ambiental”, o empreendimento seja liberado.
“Eu defendo que o IBAMA permita que a Petrobras possa pesquisar. E, a partir daí, estabeleça os critérios ambientalmente corretos definindo com a metodologia e mecanismo que pode ser feita exploração com o menor impacto possível e, consequentemente, permitir que essa oportunidade possa existir”, disse Barbalho em evento com empresários na cidade de São Paulo.
Barbalho também criticou a oposição de ambientalistas ao projeto, argumentando que a região da Margem Equatorial é explorada em países vizinhos há mais de dez anos. Convenientemente, ele ignorou a contradição de defender a transição energética e a ação contra a mudança do clima e um projeto de exploração petroleiro em uma das áreas mais delicadas da região amazônica, preferindo chutar a questão para um futuro distante.
“O Brasil vai abrir mão disso [exploração de combustíveis fósseis] pelas próximas décadas? Talvez seja uma discussão que a gente possa fazer daqui a 50 anos. Mas neste momento o Brasil tem condição de abrir mão de uma oportunidade de exploração sustentável de combustível fóssil?”, questionou Barbalho, talvez inconsciente do anacronismo de uma “exploração sustentável” de algo completamente insustentável.
Em entrevista ao Jornal Eldorado (Estadão), a analista de políticas públicas do WWF-Brasil, Daniela Jerez, desmontou o raciocínio do governador paraense. Ela explicou que a licença em questão ainda é para perfuração, com o objetivo de averiguar o volume de petróleo disponível. Para a exploração em si, seria necessário um segundo pedido, o que pode levar mais tempo.
Ou seja, ao invés de algo imediato, uma eventual exploração na foz do Amazonas só começaria no final desta década. “Não faz sentido abrir um novo poço de petróleo num tempo em que o mundo vai ser outro e busca novas matrizes energéticas. É caminhar num sentido contrário do que se espera do país”, afirma.
CNN Brasil, O Globo e UOL também abordaram a fala de Helder Barbalho sobre o projeto da Petrobras na foz do Amazonas.
Texto publicado em CLIMA INFO
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