Qualquer dado novo sobre a tragédia do desmatamento durante o governo do inominável não surpreende, mas sempre choca. A devastação da cobertura vegetal no país totalizou pouco mais de 2 milhões de hectares no ano passado, um aumento de 22,3% sobre 2021, aponta o Relatório Anual de Desmatamento (RAD 2022) do MapBiomas, que consolida dados de todo o território nacional e seus biomas.
É um desmate equivalente a 5.128 campos de futebol por dia. Sim, por dia. No total, equivale a 13 vezes a área da cidade de São Paulo. Ou quase o estado do Sergipe, detalha a Folha. E considerando somente a Amazônia, equivale à derrubada de 21 árvores no bioma a cada segundo, reforça o Estadão.
Também não é surpresa que o principal vetor do desmatamento é a agropecuária, como conta Ricardo Noblat no Metrópoles. De acordo com o levantamento do MapBiomas, a atividade foi responsável por 1,97 milhão de hectares desmatados – 95,7% do total registrado em 2022. E em 99% dos casos, havia indícios de ilegalidade no desmate.
Além da Amazônia, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Pampas registraram aumento do desmate entre 2021 e 2022. O único bioma que não teve mais desmate sobre o ano anterior foi a Mata Atlântica. A Amazônia e o Cerrado concentraram 90,1% da área desmatada, com 1,1 milhão de hectares (58%) e 660.000 hectares (32,1%), respectivamente.
Percentualmente, o maior aumento de devastação ocorreu no Cerrado, com 31,2% de variação entre 2021 e 2022, relata o Metrópoles. A segunda posição nesse ranking ficou com os Pampas (27,2%), seguido por Caatinga (22,2%), Amazônia (19%) e Pantanal (4,4%).
O relatório do MapBiomas ainda totalizou a devastação durante os quatro anos do governo do inominável. De 2019 a 2022, foram desmatados 6 milhões de hectares, o que equivale a 1,5 vezes a área de todo o estado do Rio de Janeiro, frisa O Globo.
O aumento do desmatamento no Brasil em 2022 também foi noticiado por Carta Capital, Valor, UOL, Época Negócios, Exame e Brasil 247.
Em tempo 1: A imensa pressão do setor agropecuário sobre os biomas em 2022 apontada pelo relatório do MapBiomas também explica os recordes de desmatamento que o Cerrado registrou nos cinco primeiros meses deste ano.
Como lembra ((o))eco, enquanto o desmate da Floresta Amazônica vem recuando, a destruição do Cerrado segue a passos largos. Segundo o veículo, uma Reserva Legal de apenas 20%, o desprezo por políticas de conservação e certas leis estaduais cada vez mais flexíveis ao agro podem ser a explicação para a devastação.
Em tempo 2: Em entrevista à CNN, o copresidente do Painel Científico para a Amazônia, Carlos Nobre, reiterou a necessidade de zerar todo o desmatamento na Amazônia – e não apenas o desmate ilegal –, uma vez que a floresta está perto do ponto de não retorno. “O mundo inteiro está olhando o Brasil.
Às vezes se fala em zerar o desmatamento ilegal mas, de fato, o desafio para a Amazônia… ela está tão perto de um ponto de não retorno, de se tornar um ecossistema degradado, que é melhor zerar todo o desmatamento e passarmos a ter o maior projeto de restauração florestal de todo o mundo para salvar a Amazônia”, disse Nobre.
Texto publicado em CLIMA INFO
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