A Cúpula da Amazônia, evento que reuniu líderes e representantes de oito países amazônicos, terminou com uma série de sentimentos mistos. Apesar dos muitos compromissos levantados na “Declaração de Belém”, as expectativas não foram totalmente atendidas em relação a desmatamento e petróleo, levando a frustrações em algumas esferas, especialmente entre ambientalistas e movimentos sociais
Márcio Astrini, secretário geral do Observatório do Clima, sintetizou esse sentimento ao afirmar que o mundo esperava mais dos líderes amazônicos. A “Declaração”, que abrange 113 tópicos, infelizmente não se comprometeu com o fim da exploração de petróleo na Amazônia, uma proposta apoiada pelo presidente colombiano Gustavo Petro, nem estabeleceu uma meta comum para desmatamento zero até 2030, como defendido pelo presidente brasileiro, Lula.
A postura de Lula em relação à exploração de petróleo na região foi particularmente notável. Enquanto Petro apontou a discrepância de ética e apoiou uma postura mais ambientalista, Lula manteve-se reticente em aderir ao veto da exploração de petróleo. Isso reflete a dualidade de discursos e ações que muitos líderes enfrentam em suas decisões políticas e econômicas.
Em meio às discordâncias, o documento final da Cúpula propõe a criação de uma Aliança de Combate ao Desmatamento e prevê maior cooperação entre as polícias dos países amazônicos. Uma iniciativa positiva, mas que ainda precisa de ações concretas para demonstrar sua eficácia.
Além das discordâncias internas, o evento também foi marcado pela ausência notável do presidente francês, Emmanuel Macron, que, apesar de governar a Guiana Francesa, optou por enviar um representante diplomático. Sua ausência foi recebida com críticas, especialmente do jornal francês Libération, que destacou a incoerência entre se declarar preocupado com o meio ambiente e não comparecer a um evento de tal magnitude.
No entanto, a Cúpula também trouxe momentos de destaque. A oportunidade do Brasil em liderar discussões ambientais globais nos próximos anos foi destacada por Simon Stiell, da Convenção sobre Mudança Climática da ONU. Segundo ele, o país tem uma posição única para promover a importância das florestas na agenda climática global.
Ainda assim, o evento foi ofuscado por certas situações. Lula, que ignorou duas tentativas de encontro com o líder indígena Raoni Metuktire, é um exemplo. Mesmo após um compromisso anterior de encontro, o presidente brasileiro se ausentou, levantando questionamentos sobre o comprometimento real do país com os povos indígenas da Amazônia.
Em resumo, a Cúpula da Amazônia em Belém trouxe à tona o desafio de equilibrar interesses econômicos, sociais e ambientais. A “Declaração de Belém” é um passo, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido para garantir a proteção da maior floresta tropical do mundo.
*Com informações G1
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