Apesar do número ser um dos menores da série histórica do INPE, ainda não se pode cravar que existe uma tendência de queda de desmatamento devido ao alta incidência de nuvens que pode prejudicar a precisão das medições.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 61% em janeiro deste ano, quando comparado ao mesmo mês de 2022. No período, foram emitidos alertas para 166,5 km², o quarto menor valor da série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), responsável pela medição. Em janeiro do ano passado, foram emitidos alertas para uma área de 430,4 km². Os dados foram atualizados nesta sexta-feira (10) na plataforma do DETER/INPE.
Apesar da queda expressiva, especialista alerta que é preciso olhar os números com cautela. “O principal é que é uma boa notícia. Os números diminuíram e é isso o que a gente quer ver acontecer. Mas a gente precisa olhar para essa diminuição com bastante cuidado, porque janeiro foi um mês que teve um número muito grande de cobertura de nuvens na Amazônia”, diz Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
Segundo ele, metade da região analisada pelo INPE estava encoberta, devido à grande precipitação no bioma nos últimos meses, o que pode ter impedido o satélite de fazer a leitura correta dos alertas.
Astrini não descarta a influência que as ações tomadas pelo novo governo tiveram para o resultado. “O governo tem tomado uma série de medidas, medidas benéficas. O Ibama voltou a operar, tudo o que a gente está vendo na Terra Indígena Yanomami, a reativação do Fundo Amazônia […] Estamos vendo uma mobilização do governo para atacar o crime ambiental no Brasil e isso faz um efeito muito grande”.
Mas, para ele, a queda em janeiro pode ainda não significar uma tendência, pois é muito cedo para avaliar os resultados da política implementada pelo governo Lula.
“O governo está no caminho certo, mas a avaliação do governo no desempenho desses números a gente vai precisar de um pouco mais de tempo [para fazer]. Pode ser que em fevereiro não tenha nuvens e tenhamos um número grande de alertas de desmatamento, mas isso não muda o fato de que o governo está tomando ações e que essas ações, a seu tempo, vão empurrar essa curva de desmatamento para baixo. Precisamos dar tempo para que as atitudes do governo ganhem corpo e realmente solidifiquem uma tendência de baixa de desmatamento”, diz.
Alertas nos estados
Em janeiro de 2023, o estado que mais emitiu alertas foi o Mato Grosso, com 69 km², seguido pelo Pará (32 km²), Roraima (31 km²), Amazonas (14km²) , Rondônia (14 km²) , Maranhão (5 km²) e Acre (1 km²).
Fonte: O Eco
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