O registro de produtos biológicos para controle no Brasil, acompanhando a evolução do mercado, deu-se de maneira mais intensa recentemente.
O mercado de biodefensivos mais que triplicou entra as safras 2019/2020 e 2020/2021. Os dados da pesquisa da S&P Global, divulgados pela Crop Life, mostram um aumento de 219%, de R$ 1,03 bilhão para R$ 3,3 bilhões, no período.
Estes insumos biológicos, usados para controle biológico, são tecnologias que potencializam o uso de organismos ou de substâncias de ocorrência natural para prevenir, reduzir ou erradicar a infestação de pragas e doenças que afetam diretamente a produtividade nas plantações.
A pesquisa considerou dois tipos diferentes de produtos biológicos – os de base microbiológica e os macrobiológicos. Normalmente, os primeiros são fungos e bactérias e os segundos são insetos.
O Brasil se destaca no mercado global de bioinsumos para controle de pragas. De 2018 a 2022, a área coberta com biodefensivos cresceu 62% no Brasil, em comparação com o aumento de cerca de 16% no mercado global durante o mesmo período.
Na safra passada, cerca de 28% da área agrícola total do país de 85,7 milhões de hectares utilizou estes bioinsumos, totalizando 24 milhões de hectares.
O estudo aponta ainda que o mercado de controle biológico vai permanecer em expansão. A pesquisa projeta um valor próximo a R$ 17 bilhões para o setor até 2030, considerando uma taxa de crescimento anual entre 2022 e 2023 de 23%.
Do lado dos agricultores, 58% acreditam que o mercado deve avançar nos próximos anos. A pesquisa da S&P consultou 1.775 entrevistados, além de dados do Censo Agrícola de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); da Conab e da S&P Global.
Principais culturas em uso de controle biológico
O mercado dos produtos biológicos é impulsionado pelas grandes culturas. O estudo considerou oito delas – algodão; cana-de-açúcar; citros; soja; milho 2ª safra; café arábica e conilon, tomate e feijão, distribuídas por oito estados.
A área total de abrangência da pesquisa representa cerca de 69% do total da área tratada com pelo menos uma aplicação de biodefensivos em todo o país durante 2021/2022.
A soja é a cultura com a maior porcentagem de área tratada com biodefensivos com 42%. Na sequência, vem o algodão com 21%, 18% cana-de-açúcar e o milho representa 18%.
Quais são as principais pragas?
Utilizados em sinergia com as ferramentas de controle químicos como componentes do Manejo Integrado de Pragas (MIP), os bioinsumos são fundamentais no combate a algumas pragas.
Na cultura do algodão, por exemplo, eles ajudam a controlar nematoides e o complexo de lagartas (Spodoptera frugiperda e Helicoverpa Amígera).
Na soja, além dos nematoides, alguns insetos, como a mosca-branca (Bemísia Tabaci) e o fungo causador do mofo-branco (Sclerotinia Sclerotiorum) também são alvo.
No milho, a cigarrinha-do-milho (Dalbulus Maidis), responsável pelo enfezamento do milho, é um dos grandes desafios de controle nessa cultura.
Quantos biodefensivos estão registrados?
Em termos de registro de produtos, os nematoides concentram o maior número (61). Entretanto, se considerarmos todos os insetos para os quais há produtos registrados (complexo de lagartas, cigarrinha-do-milho, percevejo-marrom e broca-do-café), são 151.
Os biodefensivos registrados com efeito fungicida para o mofo-branco somam 24 produtos. O registro de produtos biológicos para controle no Brasil, acompanhando a evolução do mercado, deu-se de maneira mais intensa recentemente.
Mais da metade do total destes produtos foram registrados nos últimos três anos, muitos com novas formulações e isolados biológicos que contribuem sobremaneira para a melhoria da performance e aumento da aceitação pelo produtor.
Originalmente publicado por: AGROFY NEWS
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