Rodrigo Mozelli – Olhar Digital
Ciência acredita que as antigas ferramentas de pedra descobertas no Brasil são obra de macacos-prego, não dos primeiros humanos, informou o site de arte e design Artnet, citando um artigo acadêmico.
“Estamos confiantes de que os primeiros sítios arqueológicos do Brasil podem não ser de origem humana, mas podem pertencer a macacos-prego”, escreveram o arqueólogo Agustín M. Agnolín e o paleontólogo Federico L. Agnolín em artigo publicado na revista científica The Holocene em novembro.
O artigo dizia que os arqueólogos descobriram o que eles acreditam ser ferramentas de pedra antigas, feitas de pedras de quartzo e quartzito encontradas localmente durante escavações anteriores na Pedra Furada – uma coleção de mais de 800 sítios arqueológicos no Piauí, no nordeste do Brasil.
A mais antiga das ferramentas de pedra descobertas parece ter até 50 mil anos, segundo o artigo, o que levou alguns acadêmicos a teorizar que a Pedra Furada fornecia evidências de habitação humana primitiva na região. Descobertas inesperadas de 2016, no entanto, colocaram um desafio a essa teoria.
Os resultados mostraram que os macacos-prego do nordeste do Brasil são capazes de fazer e usar grande variedade de ferramentas de pedra.
Isso levantou a possibilidade, como foi sugerido pela primeira vez em 2017, de que macacos – não humanos – poderiam ser responsáveis por produzir as descobertas de Pedra Furada.
E, de acordo com os Agnolíns, os pesquisadores por trás do artigo The Holocene, agora há quantidade convincente de evidências que sugerem que as ferramentas não foram feitas pelo homem.
“Nossa revisão das evidências sugere que os sítios antigos no Brasil não pertencem aos primeiros americanos, mas são, na verdade, o produto da atividade dos macacos”, disse Federico L. Agnolín ao Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas da Argentina (CONICET).
Os pesquisadores compararam as ferramentas encontradas na Pedra Furada com as que os macacos-prego fabricam hoje.
“O resultado foi surpreendente: não havia diferença entre as supostas ferramentas humanas de 50 mil anos atrás e as produzidas por macacos hoje” disse Agustín M. Agnolín ao CONICET.
Os pesquisadores analisaram pesquisas anteriores e observações de populações de macacos-prego que mostram que os primatas usam pedras pequenas como martelos e pedras grandes e planas como bigornas para abrir nozes e vagens de sementes.
“O resultado é que as rochas usadas frequentemente quebram, gerando fragmentos de rocha muito semelhantes aos produzidos por humanos ao esculpir ferramentas de pedra”, disse Agustín M. Agnolín, segundo comunicado do CONICET.
Além disso, os pesquisadores disseram no artigo que não havia evidências que sugerissem vestígios da presença humana, observando a falta de lareiras ou vestígios de restos alimentares.
“Nosso estudo mostra que as ferramentas da Pedra Furada e de outros sítios próximos no Brasil nada mais eram do que o produto de macacos-prego quebrando nozes e pedras cerca de 50 mil anos antes do presente”, disse Federico L. Agnolín ao CONICET.
Com informações de Science Alert
Texto foi retirado originalmente de Olhar Digital
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