As chuvas fortes que atingiram o Norte e o Nordeste nos últimos dias afetaram pelo menos seis estados dessas regiões. Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Tocantins e Maranhão têm áreas em estado de emergência e famílias desalojadas ou desabrigadas, informa o g1.
Na capital acreana, subiu para 32 mil o número de moradores afetados pela inundação do Rio Acre e de igarapés da cidade, alerta o g1. Até este sábado (25/3), a Defesa Civil de Rio Branco contabilizava 500 pessoas desabrigadas e quase 2 mil pessoas desalojadas. As enchentes atingiram 48 bairros do município, segundo a Agência Brasil.
Até o momento, o Acre foi o estado mais afetado pelas fortes chuvas. Segundo a TV Cultura, a precipitação, que começou na madrugada de quinta-feira (23/3) e se estendeu até a manhã do dia seguinte, em Rio Branco, atingiu um acumulado de 187,2 milímetros. É mais de 90% dos 270,1 milímetros esperados para todo o mês de março.
Neste domingo (26/3), os ministros da Integração Regional, Waldez Góes, e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, assim como o secretário da Defesa Civil Nacional, Wolnei Wolff, fizeram um sobrevoo por áreas atingidas pela cheia do Rio Acre. De acordo com o g1, eles percorreram bairros de Rio Branco, conversaram com moradores e garantiram a liberação imediata de R$ 1,4 milhão para ajuda humanitária.
Marina Silva ressaltou, em discurso realizado no Acre, que, além da ajuda humanitária, seu ministério está trabalhando para construir planos de médio e longo prazos para que o Brasil, que é um país vulnerável, “não tenha que ver a cada ano a sua população sendo penalizada e perdendo vidas.”
O professor da Universidade Federal do Acre (UFAC), Genivaldo Moreira, disse ao g1 que essas fortes chuvas podem ser classificadas como um evento climático extremo, já que são incomuns para esta época do ano. Além disso, ele explica que tais fenômenos têm sido mais recorrentes com o passar dos anos e elevam o nível do rio Acre muito rapidamente. Desta vez, o rio subiu mais de 16 metros.
A tempestade atípica e seus efeitos fizeram o governo federal decretar situação de emergência em Rio Branco, lembra o g1. A portaria foi publicada no sábado, no Diário Oficial da União (DOU). Já na sexta (24/3), a prefeitura da capital acreana havia decretado situação de emergência, informa a TV Cultura, por causa dos alagamentos. Outras cidades do estado atingidas pelos temporais – Assis Brasil, Brasiléia e Epitaciolândia – também decretaram situação de emergência. Estadão, O Globo, Folha e Metrópoles também noticiaram as tempestades no Acre.
As chuvas também provocaram estragos em Rondônia, afetando Povos Indígenas e produtores rurais. Pelo menos quatro aldeias da Terra Indígena (TI) Uru-Eu-Wau-Wau, na região de Guajará-Mirim (RO), a mais de 300 km de Porto Velho, foram alagadas com a cheia do rio Pacaás Novos.
De acordo com o g1, imagens feitas por moradores dessas aldeias mostram casas praticamente cobertas pela água. No município de Alta Floresta do Oeste, na zona da mata de Rondônia, as chuvas danificaram estradas e pontes que dão acesso às plantações. Com isso, agricultores levam mais tempo para chegar à lavoura e escoar a produção, informa o g1. Plantações de abóbora, café e milho estão sendo afetadas.
Já famílias da Terra Karipuna estão desabrigadas há mais de uma semana, após o Rio Jaci Paraná transbordar. Por isso, o Ministério Público Federal (MPF) deu um prazo de 72 horas para que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) informe quais medidas foram adotadas para auxiliar os indígenas da região, segundo o g1.
No Amazonas, dez dias após tempestades provocarem inundações e um deslizamento de encosta que matou oito pessoas, Manaus sofreu novamente com as fortes chuvas. De acordo com a CBN, a capital do Amazonas entrou em estado de atenção, após registrar uma precipitação de 110 milímetros no sábado (25/3). Foram registradas 67 ocorrências. Uma delas envolveu duas crianças, que ficaram submersas após um igarapé encher e invadir suas casas.
Elas receberam atendimento em um hospital público da cidade.Em tempo: Rio Branco tem, desde 2020, um plano de adaptação às mudanças climáticas. No entanto, a prefeitura e o estado, até agora, não adotaram medidas concretas para sua implantação. O prefeito Tião Bocalom, e o governador Gladson Cameli, ambos do PP, precisam deixar a ideologia de lado e buscar, em conjunto com Marina Silva e Lula, recursos nacionais e internacionais para a adaptação tão necessária da cidade.
Texto publicado em CLIMA INFO
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