É preciso botar as forças de segurança para fazer valer a lei, retirar os invasores e prendê-los, mas principalmente é preciso prender quem comanda, quem financia e quem se beneficia com o garimpo ilegal.
Editorial Amazonas Atual
A retirada dos garimpeiros da Terra Indígena Yanomami, na região de Roraima, é insuficiente para resolver o problema. É necessário atingir a cabeça da serpente, ou seja, toda a cadeia de comando e, principalmente, os donos dos garimpos, aqueles que financiam o crime.
As imagens mostradas pela TV Globo no programa Fantástico, na noite deste domingo (29), chegam a revoltar qualquer pessoa sensata. A destruição da floresta, do solo e dos rios gera escassez e o resultado são os corpos esqueléticos dos indígenas atingidos pela fome e pelas doenças levadas pelos garimpeiros.
Mas o que são os garimpeiros? São pessoas que acham que tudo o que está no solo é propriedade deles. Retiram de assalto o ouro para enriquecer, e fazem isso em terras que, no caso da Amazônia, ou são dos povos indígenas ou são públicas.
Essa gente chega a uma região em que sabem que vão encontrar ouro e destroem tudo o que os impede de achar e retirar o minério. Exatamente tudo, inclusive as vidas humanas.
Do outro lado, no caso de Roraima, estão os indígenas, os yanomamis, que mantêm sua tradição milenar de viver uma relação com a natureza, e se alimentam do pescado e da caça, que sempre foram abundantes na região.
Esses indígenas não querem se aculturados, como muitos defendem. A vida para eles é no território, na floresta. E é essa vida que vem sendo afetada severamente pelas atividades do garimpo.
Na década de 1990, quando houve a demarcação da Terra Indígena Yanomami, havia o mesmo conflito entre indígenas e garimpeiros, houve o mesmo processo de fome e doenças que matou muita gente, como agora.
Após a demarcação, em 1992, o governo atuou para retirar os garimpeiros e evitar que voltassem. Foram retirados cerca de 40 mil garimpeiros.
De fato, os garimpeiros nunca saíram por completo das terras yanomamis, mas houve redução drástica depois de 1992. Nos últimos anos, principalmente depois das turbulências políticas que levaram ao impeachment da presidente Dilma Rousseff e a ascensão da direita, com Michel Temer e, depois, com Jair Bolsonaro, os garimpeiros se sentiram à vontade para voltar a praticar os crimes na região.
Por isso, o governo federal com Lula não pode recuar e nem negociar com os criminosos. É preciso botar as forças de segurança para fazer valer a lei, retirar os invasores e prendê-los, mas principalmente é preciso prender quem comanda, quem financia e quem se beneficia com o garimpo ilegal.
Fonte: Amazonas Atual
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