O Brasil ocupa o desonroso segundo lugar no ranking mundial de assassinatos de ativistas ambientais, com 34 mortes em 2022, ficando atrás somente da Colômbia, que registrou 60 casos. No total, 177 defensores da natureza perderam suas vidas globalmente no último ano.
Segundo relatório da Global Witness, uma organização internacional de direitos humanos, o número de mortes no Brasil aumentou em relação ao ano anterior, consolidando uma tendência preocupante.
“A intensificação destes crimes não é um acidente. Nos últimos quatro anos, experimentamos um desmantelamento das agências de proteção ambiental e dos direitos dos povos indígenas”, disse Gabriella Bianchini, consultora sênior da Global Witness no Brasil, em entrevista à Deutsche Welle.
O brutal assassinato de Bruno Pereira, indigenista, e Dom Phillips, jornalista, ambos atuantes no Vale do Javari, na Amazônia, foi um dos mais chocantes de 2022. Investigações apontam que sua luta, principalmente contra a pesca ilegal na região, pode ter motivado o crime.
Estes números também colocam em evidência a vulnerabilidade da Amazônia, onde 39 defensores do meio ambiente foram mortos no último ano, representando mais de 20% das mortes registradas globalmente. Desde 2014, a Pan-Amazônia já acumula a triste marca de 296 ativistas assassinados.
A América Latina concentra a maior parte da violência contra os defensores do meio ambiente. Em 2022, 89% dos assassinatos aconteceram nesta região. A vulnerabilidade das comunidades indígenas é ainda mais gritante: apesar de representarem apenas 5% da população mundial, foram alvo de mais de um terço dos assassinatos.
O relatório da Global Witness sobre a violência contra defensores do meio ambiente ganhou ampla repercussão, sendo destacado por grandes veículos de comunicação como The Guardian e VEJA.
As estatísticas reforçam a urgência de uma ação concertada das autoridades e da sociedade civil em defesa dos direitos dos povos indígenas e da preservação do meio ambiente.
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