Biodiversidade – Um debate antigo entre os estudiosos da evolução trata do papel da distância geográfica e do clima, respectivamente, para impulsionar a diversificação de espécies.
Uma análise de quase mil genes em 420 espécies da linhagem das Mimosoidae, uma subdivisão da família das leguminosas, acaba de virar os holofotes da discussão para as chuvas.
Essas plantas podem ser encontradas nos cinco continentes, em ambientes tão distintos quanto desertos e florestas pluviais. Quando se leva em conta os trópicos do mundo inteiro, a distância geográfica é a maior responsável por isolar espécies, que acabam divergindo. Mas o padrão fica diferente quando se examina cada continente.
As muitas formas das mimosas (da esquerda para a direita): Abarema cochliacarposXylia xylocarpa, do Sudeste Asiático; e Calliandra emarginata, dos Estados Unidos
Em quatro deles, com exceção da Ásia, onde o clima é mais uniforme e existem muitos arquipélagos, o regime de chuvas é o maior responsável pela diversificação de espécies. No Brasil, os dados indicam uma diferenciação expressiva entre as espécies de Mimosoidae no Cerrado, na Caatinga, no Pampa, na Amazônia e na Mata Atlântica. “As linhagens se diversificaram em cada ambiente, de acordo com regimes de precipitação”, explica o botânico João Iganci, da Universidade Federal de Pelotas.
Segundo ele, o padrão de diversificação de espécies é semelhante nos outros continentes. Iganci ressalta que esse é o primeiro estudo abrangente em escala global, possível graças a um grupo internacional que trabalha em conjunto há mais de 10 anos, com participação de universidades e centros de pesquisa brasileiros (Science Advances, 17 de fevereiro).
Texto publicado em Revista FAPESP
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