Um estudo divulgado recentemente pelo Stand.earth e pela Coordinadora de la Organizaciones Indígenas de la Cuenca Amazónica (COICA) aponta que as instituições financeiras globais JPMorgan e Citigroup estão entre os maiores financiadores da exploração de combustíveis fósseis na Amazônia, colocando ainda mais pressão sobre a já ameaçada floresta tropical.
A investigação, detalhada em reportagens da Bloomberg e Valor, revela que esses bancos estiveram por trás de US$ 3,8 bilhões em empréstimos e títulos para a produção e infraestrutura de petróleo e gás fóssil na região nos últimos 15 anos.
Desde 2009, 160 bancos direcionaram mais de US$ 20 bilhões para a exploração de reservas de combustíveis fósseis no Peru, Colômbia, Brasil e Equador. Mais da metade desse valor – US$ 11 bilhões – originou-se de apenas oito bancos: JPMorgan Chase, Citibank, Itaú Unibanco, HSBC, Santander, Bank of America, Bradesco e Goldman Sachs, de acordo com dados do Um só planeta.
Destas instituições financeiras, seis estão sediadas nos Estados Unidos ou operam através de suas subsidiárias americanas e estão envolvidas em negócios por toda a região. Por outro lado, Itaú e Bradesco estão ligados a projetos específicos de petróleo e gás fóssil no Brasil.
“Os bancos têm um papel crítico a desempenhar na mudança da economia energética por trás da crise climática. Mas continuamos vendo financiamento para a expansão de combustíveis fósseis na maior floresta tropical do mundo”, critica Angeline Robertson, pesquisadora principal do Stand.earth.
Fany Kuiru, da COICA, considera a expansão do petróleo na região amazônica uma ameaça constante para as pessoas e os ecossistemas, provocando degradação e desmatamento da floresta, além de doenças crônicas e contaminação de alimentos e fontes de água. “Pedimos aos maiores investidores bancários que deixem a Amazônia imediatamente”, apela.
Quando questionados sobre o financiamento da exploração de combustíveis fósseis, o Citigroup e o JPMorgan tiveram respostas opostas. O primeiro declarou que está “continuamente fortalecendo” sua política de gestão de riscos ambientais e sociais para proteger áreas sensíveis como a Amazônia. Já o JPMorgan optou pelo silêncio.
Enquanto isso, a situação em outros países pan-amazônicos se deteriora. A Venezuela, que já foi um dos maiores produtores de combustíveis fósseis do planeta, agora enfrenta o colapso de sua infraestrutura petrolífera e ameaças constantes ao meio ambiente. Explosões de gás fóssil em poços de produção e vazamentos em oleodutos têm causado estragos na população e poluído cidades e o lago Maracaibo, relata o New York Times.
Estes acontecimentos destacam a necessidade urgente de políticas financeiras mais responsáveis, que levem em consideração os impactos ambientais e sociais dos investimentos, especialmente quando esses impactos ameaçam biomas críticos como a Amazônia.
A transição para uma economia de baixo carbono depende de investimentos mais sustentáveis, não apenas por parte dos governos, mas também dos setores privados. A crise climática global necessita de uma resposta coletiva e imediata, e os bancos podem, e devem, fazer parte dessa solução.
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