Prestes a completar 100 dias no poder, o governo do presidente Lula enfrenta sua primeira crise diplomática, que tem como pano de fundo a questão ambiental. O drama da vez é a negociação entre Mercosul e União Europeia em torno de compromissos adicionais de meio ambiente ao acordo comercial assinado pelos dois blocos em 2019.
Como assinalou Jamil Chade no UOL, representantes brasileiros estão descontentes com a maneira com a qual os parceiros europeus estão se posicionando nessas conversas. Primeiro, a proposta apresentada pela UE foi vista como “inadequada” pelo Itamaraty, principalmente por impor metas específicas de combate ao desmatamento.
Depois, os diplomatas brasileiros também se incomodaram com o vazamento de informações sobre as negociações. A UE pediu sigilo absoluto aos negociadores do Mercosul, mas ambientalistas do velho continente acabaram divulgando partes da proposta, o que abalou a confiança nos representantes europeus.
A frustração brasileira na seara ambiental internacional não se resume às negociações com a União Europeia.
Havia uma grande expectativa dentro do governo Lula em torno da retomada das relações bilaterais com os Estados Unidos, país visitado pelo líder brasileiro em fevereiro.
Porém, a viagem não resultou em anúncios significativos pelo lado norte-americano, que se limitou apenas a sinalizar uma possível doação de US$ 50 milhões ao Fundo Amazônia, valor visto como irrisório pelos representantes brasileiros.
Ainda sobre o acordo Mercosul-UE, a EFE informou que o chanceler Mauro Vieira pediu a ajuda do governo da Espanha para destravar as discussões e viabilizar a aprovação do tratado comercial entre os dois blocos. “A Espanha terá que ajudar a convencer os outros atores europeus a entender que estamos discutindo um acordo de associação, e não uma carta de adesão ou um ultimato sobre o que devemos ou não fazer internamente no Mercosul”, argumentou Vieira.
Texto publicado em CLIMA INFO
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