Um dos assuntos mais falados no mundo, morada da maior biodiversidade do planeta e a maravilha da natureza mais importante para o futuro da humanidade: a Amazônia é muito complexa e sua história é rica e cheia de mistérios.
Ocupando quase metade do Brasil e pertencente a nove países, a Amazônia é um território de disputas nacionais e internacionais, epicentro da agenda de segurança climática e hídrica do planeta, lar para 438 mil espécies de plantas de interesse econômico e social e uma fauna com mais de 30 milhões de espécies.
Considerada a região com maior biodiversidade do planeta, na floresta há mais do que cobras imensas, sapos venenosos e plantas medicinais. Nela cabem aldeias, grandes cidades, centros industriais e tecnológicos, com mais de 33 milhões de pessoas, incluindo cerca de 1,6 milhão de indígenas.
Trata-se de um território que também é rico em cultura e história, apesar da noção errônea de uma paisagem despovoada e meramente selvagem. Desde os primórdios a Amazônia foi ocupada por diferentes civilizações que contribuíram para sua formação, mas os estereótipos mais comuns acerca da floresta e seus povos são marcados pelo ponto de vista de homens europeus medievais.
Conhecer mais sobre a floresta e sua história é também uma forma de valorizar a pesquisa e a diversidade nacional, bem como incentivar a proteção do bioma, que além de sua importância para a sobrevivência cultural e física dos povos que o habitam, é fundamental para o equilíbrio ecossistêmico e para que a floresta siga atuando como um sumidouro de carbono corredores de umidade.
Em 2022, o desmatamento da floresta foi o maior dos últimos 15 anos, com uma área que equivale a sete vezes a cidade de São Paulo (SP), de acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Outro estudo indica que a região já está em processo de savanização, que acontece quando áreas verdes são perdidas sem a possibilidade de recuperação.
Para apoiar educadores e educadoras que desejem trabalhar o tema com suas turmas ou incentivar a pesquisa e a curiosidade dos estudantes, preparamos uma lista de livros com as informações mais recentes da história e cultura da região amazônica.
Confira a lista de livros para saber mais sobre a Amazônia:
“História da Amazônia: do período pré-colombiano aos desafios do século 21”, por Márcio Souza. Editora Record (2019)
O autor é um sociólogo, historiador e crítico literário que dedicou sua carreira a estudar a história da Amazônia. Neste livro, ele traz aspectos geográficos e antropológicos da região, como a pluralidade étnica e suas dimensões geopolíticas e culturais. Em relação às disputas contemporâneas, a obra analisa os ataques constantes ao meio ambiente, muitas vezes com aval dos governos, e incentiva a busca por alternativas e por uma economia sustentável.
“Sob os tempos do equinócio: oito mil anos de história na Amazônia Central”, por Eduardo Neves. Editora Ubu (2022)
Fruto de décadas de pesquisa, o livro reconstrói a história da ocupação humana da Amazônia central – de 10 mil anos atrás até o começo da invasão europeia. Os achados arqueológicos contrariam o senso comum de que a região foi ocupada por populações nômades isoladas, e mostram que é possível supor agrupamentos grandes e de duração e extensão considerável, com trocas entre outras populações do continente e das terras altas, nas montanhas dos Andes. A obra sugere, ainda, que a própria floresta teria como um de seus principais agentes o ser humano, produzindo lixo orgânico, realizando manejo de espécies e plantações, o que reforça ainda mais a importância da manutenção de Terras Indígenas hoje.
“Banzeiro òkòtó: Uma viagem à Amazônia Centro do Mundo”, por Eliane Brum. Cia das Letras (2021)
“Banzeiro é como o povo do Xingu chama o território de brabeza do rio”, explica a jornalista e escritora no começo da obra que mostra a devastação da Amazônia e o impacto das ações exploratórias por elites extrativistas, econômicas, políticas, intelectuais e grandes corporações, que levaram o planeta ao colapso climático e à sexta extinção em massa de espécies. O livro também mostra como raça, classe, gênero e antropocentrismo se embrenham nessa trama e a força da resistência encampada pelos povos indígenas e as comunidades tradicionais da floresta, como quilombolas e ribeirinhos.
“A Queda do Céu: palavras de um xamã yanomami”, por Davi Kopenawa e Bruce Albert. Cia das Letras (2015)
Os relatos do xamã e porta-voz dos yanomami Davi Kopenawa em sua língua materna ao etnólogo francês Bruce Albert, de quem se tornou amigo ao longo de 40 anos de contato e conversas, compõem o livro que é um testemunho autobiográfico, um manifesto xamânico e uma denúncia da destruição da Amazônia. Ao mesmo tempo, a obra evidencia o complexo pensamento yanomami e faz uma interlocução entre os dois universos culturais. Por meio de visões xamânicas e reflexões etnográficas sobre os brancos, esta obra questiona as noções de progresso e desenvolvimento defendidas por aqueles que os Yanomami chamam de “povo da mercadoria”.
“A invenção da Amazônia”, por Neide Gondim. Editora Valer (2019)
A autora faz parte da primeira geração de pensadores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) que pensam a Amazônia a partir dela própria. Antes disso, como a obra bem discorre, o território sempre foi visto por quem vinha de fora. É o que aconteceu com a invasão dos europeus medievais, que começaram a contar sobre a floresta a partir de suas referências, sobretudo escrituras bíblicas e livros e relatos de viagens sobre o oriente, e da obsessão de encontrar um paraíso longe da fome e da peste que devastavam a Europa. Isso estigmatizou a Amazônia como entidade fantástica e misteriosa e, seus povos, como primitivos, preguiçosos, indolentes, infantis e bestializados – percepção tão distante da realidade quanto a Amazônia da Europa.
“O Fim Do Silêncio: Presença Negra Na Amazônia”, por Patricia Alves-Melo. Editora CRV (2021)
O dado demográfico que mostra pouca presença negra na Amazônia não significa que o aporte dos negros para a identidade amazonense foi mínimo. Ao contrário, a obra revela o que pesquisas dos últimos 15 anos identificaram na região: uma forte contribuição e uma presença em diversa áreas dos negros e das culturas de origem africana.
“Cercos e resistências: povos indígenas isolados na Amazônia brasileira”, por vários autores e organização de Fany Ricardo e Majoí Favero Gongora. Instituto Socioambiental (2019)
O livro, disponível gratuitamente, reúne artigos que trazem, em grande parte dos casos, a perspectiva dos indígenas contatados que compartilham o território com povos indígenas isolados, como os Awá Guajá (MA), os isolados da Terra Indígena Yanomami (RR) e os kawahiva, que perambulam pelo sul do Amazonas, próximos aos índios Tenharim. São populações que sobrevivem a poucos quilômetros de garimpeiros, madeireiros e caçadores, resistindo nos últimos redutos de florestas.
Fonte: Centro de Referências de Educação Integral
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