Descarbonização, Descentralização, Digitalização, Democratização e Decréscimo de Consumo. Respeitar esses vetores é fundamental para garantir qualidade de vida
Por Ferraz Jr – Jornal da USP
O mundo vive a busca por uma transição energética. De um modo geral, o principal objetivo é a substituição das fontes derivadas do petróleo para fontes que não emitem gases causadores do efeito estufa. Isso inclui a inserção de fontes renováveis como a solar, a eólica e a obtida dos biocombustíveis, a eletrificação do transporte, a busca pelo uso racional da energia entre outras ações.
Mas a transição energética é muito mais do que isso. Além de uma substituição na matriz primária da energia mundial ela deve alterar a maneira como nos relacionamos com os recursos energéticos e naturais, alterar nosso modo de produção, de trabalho, de ser e de existir.
Cinco D’s da transição energética
Nesse episódio da Série Energia vamos abordar a transição energética para o baixo carbono a partir dos conceitos dos cinco D’s: Descarbonização, Descentralização, Digitalização, Democratização e Decréscimo de Consumo.
Não existe uma hierarquia de prioridades ou relevância entre os D’s. Acredita-se que todos os vetores devem ocorrer de forma simultânea. A Descarbonização, por exemplo, está relacionada à substituição direta de fontes energéticas que emitem carbono para energias limpas, principalmente as renováveis.
Já a Descentralização é o processo de migrar o setor de energia da atual arquitetura de grandes parques geradores. A ideia é diminuir o impacto ambiental decorrente da construção de grandes usinas e de grandes redes elétricas, dutos de combustíveis e demais estruturas de transporte, diminuindo assim as perdas de distribuição.
A Digitalização vem no sentido de dar maior flexibilidade e inteligência ao setor de energia, permitindo novos modelos produtivos que vão além da otimização da relação entre geração, transmissão e distribuição, mas também serve para modular a carga e permitir modelos mais cooperativos de uso de recursos. Um exemplo são os aplicativos de uso compartilhado de veículos.
A Democratização está relacionada ao acesso. A exploração dos combustíveis fósseis garantiu o desenvolvimento de um parque industrial mundial e a riqueza de muitas regiões, mas no século 21 muitas comunidades ainda convivem com a escassez de recursos energéticos, com a falta de acesso ou a dificuldade de custear o insumo.
Texto publicado originalmente em Jornal da USP
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